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Comportamento das estruturas em situação de incêndio


Por: Amanda Soares e Andressa Andrade
Data: 20/09/2019
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Sejam bem-vindos ao Papo de Engenheiras, a temática de hoje infelizmente veio à tona devido ao incêndio do Hospital Badim no Rio de Janeiro, iremos abordar como uma estrutura comporta-se em situação de incêndio. Você sabe?

Quando pensamos em construir é comum levantarmos uma série de preocupações. Pensa-se logo na durabilidade do material de construção e também no perigo de incêndio. Entre os materiais mais usuais na construção civil estão o concreto armado e a madeira, e o questionamento feito é de como esses materiais se comportam. Qual é o mocinho e qual é o vilão?

Bom, vamos conversar um pouquinho sobre a estrutura de concreto armado, o concreto armado é composto por dois materiais (concreto+aço) que se comportam de maneira distintas diante das altas temperaturas, tornando a exposição ao fogo um grave problema.

A elevação de temperatura provoca perda de resistência mecânica, esfarelamento superficial, fissuração e em casos extremos até a própria desintegração da estrutura. Dentre as causas que podem levar uma estrutura sujeita a altas temperaturas ao colapso, estão a temperatura máxima alcançada, o tempo de exposição e a velocidade de resfriamento.

A influência da velocidade de resfriamento se deve a maneira como é feita este resfriamento até o momento da extinção do incêndio. O resfriamento brusco da temperatura é um dos principais responsáveis pelas maiores perdas de resistências. Em contrapartida, quando é realizado o resfriamento lento existe a possibilidade de recuperação de até 90% da resistência inicial, dependendo da temperatura máxima atingida e do tempo de exposição ao fogo.

O concreto tem boas características a exposição ao fogo, ou seja, o tempo que fica exposto ao fogo com desempenho satisfatório é relativamente grande. Considera-se como desempenho satisfatório a capacidade de suportar cargas, a resistência a chamas e a resistência a transferência de calor.

Por último, vamos desmistificar os elementos estruturais em madeira. Como associamos uma estrutura construída em madeira à lenha, o senso comum leva-nos a concluir que uma estrutura em madeira resiste menos a um incêndio que as estruturas de concreto armado. 

Apesar de o fogo se alastrar facilmente pela madeira, esse material é considerado um dos mais resiste ao fogo, ao contrário de outros materiais como o aço, a madeira tem baixa condutibilidade térmica. Esta propriedade dificulta a elevação da temperatura no interior da peça, formando uma camada carbonizada no seu exterior. É devido a esta camada carbonizada, que se obtém uma extraordinária e improvável resistência destas estruturas ao fogo. 

A camada carbonizada impede a transmissão de calor para o interior dos elementos de madeira, diminuindo a propagação do fogo. Dessa forma, garante-se a estabilidade estrutural dos elementos durante a propagação de um incêndio. A madeira, mesmo a altas temperaturas, conserva durante algum tempo uma seção intacta bem significativa, mesmo a pequena distância da zona em combustão. 

Em resposta à pergunta inicial, não há um vilão ou mocinho entre os materiais abordados, tudo dependerá do tempo de exposição da peça, da temperatura atingida, da maneira como será extinto o incêndio e da resistência e integridade da peça inicial. Estruturas com fissuras e sem um tratamento adequado estarão sempre mais suscetíveis a apresentar baixa resistência ao fogo. 

No próximo artigo iremos abordar quais as medidas de prevenção adotadas na etapa de projeto que são exigidas pelos órgãos públicos, como o corpo de bombeiro. Nos acompanhe nas redes sociais, estaremos sempre à disposição para qualquer dúvida e sugestão. Seu feedback é essencial!

Amanda Soares e Andressa Andrade


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