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Coluna O que é a vida senão o dia a dia: Eleição


Por: R. S. Borja
Data: 01/08/2024
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Logo teremos eleições, praticamente daqui a dois ou três meses, mas a atmosfera que envolve essa escolha popular já se faz presente praticamente desde o início do ano de 2024 e com certeza se estenderá por algum tempo a data em que depositamos (teclamos) nosso voto.

O processo eleitoral, não somente aqui, mas no Brasil todo, quiçá mundo inteiro, contém algumas peculiaridades que o tornam único. O processo eleitoral se inicia e se desenvolve com o objetivo de que os habitantes de uma determinada cidade, estado ou país tenham conhecimento das pessoas que de forma voluntária se candidatam a serem legisladores ou administradores e que tem um curto espaço de tempo para mostrar que suas ideias são melhores das dos seus concorrentes.

O que torna o processo eleitoral peculiar é que desde o início e durante seu trâmite se dispendem vultuosas importâncias, na casa dos bilhões de reais, cuja a origem, atualmente pública, ou seja, da mesma fonte que afirma não possuir recursos para melhorar a saúde, educação e moradia. Esses valores são utilizados para que possamos escolher os novos legisladores e administradores, sendo que a prática nos mostra que a renovação é mínima, outorgando aos mesmo poderes para nos representar, sendo que em muitas localidades e situações, extrapolam os poderes ou agem em desconformidade com a vontade dos representados. Por fim, e não menos singular, temos que algumas vezes, ao escolher uma dessas pessoas, ajudamos a eleger outras que não escolhemos e que não gostaríamos que fosse eleita.

E dentro desse processo temos as campanhas eleitorais. Considero as campanhas eleitorais, além de divertidas, um dos eventos, juntamente com as contendas judiciais, discussões em redes sociais e dirigir veículos, como um evento em que o ser humano eleva os conceitos de fragmentação da personalidade e comportamento contraditório a um patamar surreal.

Durante as campanhas, e mesmo nas pré-campanhas, vemos pessoas se comportarem de forma totalmente diversa dos períodos ditos comuns, tendo condutas em público que nunca teriam em sua vida privada, pessoas tranquilas se exasperam, tímidas que se tornam extrovertidas, discussões acaloradas em redes sociais, ofensas verbais e até físicas, que conduzem a separação de famílias, amigos e até mesmo a cisão de uma comunidade.

Notamos que candidatos e eleitores passam a adotar comportamentos totalmente opostos àqueles que tinham na sua vida cotidiana, que muitas vezes não condizem com sua forma de ser e pensar. Interessante que essas mudanças ocorrem em um período em que, dado o objetivo da campanha, uma das qualidades que mais se deveria buscar e ter é a coerência entre o que se fala, faz e o modo como se vive.

Não há nada de errado em participar de eventos tristes (quantas almas nobres comparecem para prestar solidariedade a desconhecidos), visitar escolas, hospitais, creches, asilos, participar de festas, dançar, montar em animais, andar de moto, jet sky, cumprimentar a todas as pessoas dos locais que frequenta e conversar como se fossem amigos de longa data, desde que essa seja uma atitude e um comportado adotado e incorporado ao dia a dia da pessoa em todos os anos e não somente a cada quatro anos.

Não esquecendo que é crime, uma vez que é praticado por quem oferece ou dá e por quem recebe, e não sendo um ato moral e eticamente correto, a pessoa se vangloriar de receber combustível, cesta básica, que teve suas contas pagas que brigou com a família, vizinhos, amigos em defesa de seu escolhido até pode ser justificado, desde que o escolhido trabalhe para a comunidade em que vive para melhorar as condições de saneamento, de habitação e geração de empregos ou, ainda, se já ocupa a cadeira, já estava realizando tais tarefas.

Importante frisar que resumir ou explanar o que é o processo eleitoral não se traduz em crítica ao sistema, uma vez que não conheço sistema melhor para a escolha das pessoas que irão criar as leis e administrar e executar as mesmas. Mas, sim, uma forma de tentar entender como é que funciona esse mecanismo.

Conhecendo o mecanismo, podemos aprimorar nossa visão a respeito de como se realizam as campanhas, podemos adotar mais critérios para a escolha de nossos candidatos, analisando não só o comportamento presente, mas também o passado.

E, mais importante, ter consciência de que o processo eleitoral e as campanhas buscam a escolha de pessoas que deverão trabalhar pelo interesse público e pelo bem da comunidade, E se os fins são nobres, os meios a serem utilizados também o devem ser. E para tanto, todas as divergências que possam ocorrer devem se limitar ao campo das ideias, não evoluindo para caminhos violentos, que levam a divisões e segregações traumáticas.

Que ao apertar a tecla verde, consigamos finalizar a eleição em paz conosco e com os demais.

R. S. Borja


Anuncie com Jornal Noroeste
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