Andarilhos das estradas. Um cotidiano
Um andarilho, pode ser definido como aquele que anda muito. Também uma pessoa que vive fora de casa, com um cotidiano simples e miserável. Então podemos dizer que um andarilho das estradas, são aquelas pessoas que estão fora de casa e vivem andando pelas estradas.
Mais uma vez falamos do cotidiano das pessoas. Sejam elas em nossa cidade ou ainda em nosso país ou no mundo. Por todos os lugares encontramos pessoas assim.
O que foi que levou elas a escolher essa vida, ou ainda, que a vida as levou a estarem nessas condições.
Oi, leitores. Vocês teriam coragem de assumir uma condição como essa que foi descrito?
Então. Durante minhas viagens pela região que trabalho, noroeste do Paraná, eu conversei com algumas pessoas que estão nessas condições.
A princípio, pessoas assustadas, rudes, sofridas e que em muitas vezes apresentam uma reação de distanciamento. Com o tempo de conversa viram que apenas queria conhecê-las. Foi o que fiz e com o tempo consegui algumas informações. Não vou citar os nomes aqui. Vou chamá-las de desconhecidas. Que é assim que a maioria da população trata essas pessoas.
Uma primeira pergunta que fiz, foi: a quanto tempo estavam nessas condições?
- Dos 3 que conversei, todos homens com mais de 40 anos. Estavam nessa vida a mais de cinco anos. As roupas bem gastas pelo tempo e pelas condições que estão vivendo nas ruas e estradas. A pele do rosto também apresentando queimaduras pelo sol, feridas pelas picadas de insetos. Algumas cicatrizes pelo tratamento do próprio ser “humano” que encontravam pelo caminho.
Mais uma pergunta realizada: por que estavam nessa vida?
- Um deles respondeu que foi por causa de uma briga na família, mas não entrou muito no assunto. Sempre se esquivando de responder. É claro que respeitei muito a privacidade. O segundo, falou que foi por causa das drogas. Foi expulso de casa e como não tinha condições de se sustentar, em primeiro lugar passou a viver nas ruas da cidade. Disse esse que foi expulso também da cidade. Mais, uma vez não quis entrar muitos em detalhes, como em que cidade que morava, ou cidade que havia sido expulso. Ainda, o terceiro, disse que perdeu o emprego, sem condições de ser chamado em outro emprego, passou a beber. Primeiramente, com um pouco de dinheiro que ainda tinha e depois com os conhecidos que pagavam uma bebida, mas ultimamente com qualquer um que quisesse ficar livre dele.
A terceira pergunta que fiz, foi: gostaria de voltar a ter a vida que tinham anteriormente?
- a resposta do primeiro, foi que sim, mas que não sabia se seus familiares gostariam de tê-los de volta. Senti nesse momento um sentimento de medo do desconhecido. Como os familiares iriam recebê-lo de volta. Do segundo andarilho da estrada que encontrei, me falou que não tinha interesse de voltar. Disse ele que estava bem assim. Apenas gostaria de naquele dia ter uma refeição. Sentimento do imediatismo. Apenas quero me satisfazer nesse momento. Já o terceiro disse que não sabia o que queria. Essa sensação mais uma vez de quem, como e quando serei recebido em casa. Me disseram que moravam em uma grande cidade, todos os três.
Não precisamos agir como eu, pesquisar em uma estrada. Qualquer um de nós encontramos os andarilhos em nossas cidades. Aqueles que foram por algum motivo afastados de suas casas, de seus familiares. Alguns por conta própria, mas outros pela própria família.
Daí vem a pergunta: o que podemos fazer para ajudar essas pessoas.
-Talvez a resposta seja o fortalecimento de tantas entidades que ajudam essas pessoas. Sei que sozinho nada somos, mas unidos podemos muito. Em muitas cidades tem os albergues que em alguns casos são mantidos por algumas prefeituras, mas também temos muitos albergues que são mantidos por instituições de caridade e igrejas.
Com certeza não poderemos ajudar a todos, mas com pequenas quantias doadas por muitas pessoas, esse valor se torna significativo. Com isso essas entidades conseguiram ajudar a muitas pessoas que andam pelas estradas e que algum dia acabarão parando na minha ou na sua cidade.
Ajudar ao próximo sem olhar quem seja. Apenas ajudar.
Cabe aqui os mandamentos que Jesus nos ensinou: “Amar a Deus sobre todas as coisas. Amar o seu próximo como a si mesmo”.