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Edmund Burke (1729-1797) que foi um conservador filósofo, teórico político e orador irlandês, membro do parlamento londrino, disse certa vez que o homem, em sua constituição, é “um animal essencialmente religioso”.  Burke estava certo, pois, sabemos que o sentido da vida e da morte está relacionado a indagações religiosas antigas que, em nossa época, se mostram influentes e vigorosas, ainda que se apresentem por meio de símbolos secularizados. 

Na verdade, a religião é constituída de símbolos utilizados pelos homens ainda que, os homens são diferentes e, consequentemente, seus mundos sagrados também os são, e, por conta disso, as religiões são distintas. Os símbolos são variados: templos, santuários, altares, comidas, amuletos, colares, livros... Todos inspiram alguma forma de sagrado, um sagrado que não se reflete apenas nas coisas, mas também em gestos, expressões e ações, como, por exemplo, o silêncio, os olhares, as renúncias, as canções, as romarias, as procissões, as peregrinações, os milagres, as celebrações, as adorações e, até mesmo, a morte.

O termo religião tem sua origem no verbo latino religare, que significa “religar”, “ligar de novo”. Também definida como o conjunto de crenças, dogmas e práticas próprias de uma confissão religiosa.

As histórias da humanidade e das religiões se confundem. Isso se deve ao fato de que não houve, no passado, comunidade ou cultura sem religião. Está claro que, do mesmo modo como fomos fisicamente preparados para respirar, falar determinada língua, gostar de música e comer, também fomos preparados para a vida espiritual. As religiões egípcia, grega, romana, nórdica, celta, chinesa, japonesa e outras comprovam a diversidade religiosa entre os homens.

A maioria das religiões têm seu livro sagrado, seu lugar sagrado, seu templo sagrado, seu líder maior, suas crenças inegociáveis e seus extremismos. Mas são elas que dão sentido à vida de milhões de pessoas que vivem perdidas em busca de um significado para sua existência. 

Quando se pergunta a uma pessoa sobre sua religiosidade, a resposta pode ser imprevisível. Vamos encontrar tantas respostas quantas religiões existem. Pode significar crer que Deus é a fonte e a finalidade da vida; ou crer que amar o próximo é tão importante quanto amar a Deus; enquanto outros acham que as duas coisas são completamente diferentes, que se pode matar o próximo em nome de Deus.

 Alguns acham que ser religioso é consultar bruxas, enquanto outros preferem queimá-las vivas. Há quem entenda que obedecer aos mandamentos, fazer votos, cumprir promessas, recolher-se num mosteiro e no silêncio, fazer opção pelo celibato e pelos pobres, sacrificar-se até à morte, signifique ser religioso; assim como raspar o cabelo ou nunca cortar um fio de cabelo, ir à mesquita na sexta-feira, à sinagoga no sábado, ou ao templo no domingo.

Ser religioso pode significar construir um luxuoso templo ou adorar numa simples igrejinha. Finalmente, outros acham que a religiosidade se manifesta quando pintam quadros e tetos de capelas ou fazem a imagem de um santo. 

Talvez seja por isso que não foram poucos os que profetizaram a decadência e a extinção do sagrado entre os homens. Que crente jamais se indignou com a famosa declaração de Karl Marx (1818-1883): “O sofrimento religioso é, ao mesmo tempo, expressão de um sofrimento real e protesto contra um sofrimento real. Suspiro da criatura oprimida, coração de um mundo sem coração, espírito de uma situação sem espírito: a religião é o ópio do povo”. 

Acredito em dois tipos de religiosidade, uma que é inerente ao homem e que dá sentido a sua existência, está enraizada as suas origens, cultura e meio em que ele vive. A outra é a religião que Marx fala, a que “entorpece” as pessoas deixando-às cegas. É a religião do extremismo, do medo e da intolerância. Esse tipo de religiosidade é maléfico para a humanidade, só levou o homem à guerra e causou destruição, quando não, impediu o desenvolvimento e progresso da humanidade. 

 

Alison Henrique Moretti é Teólogo, acadêmico do curso de Licenciatura em Filosofia da Unipar e está se especializando em Filosofia Contemporânea pela Faculdade Estácio de Curitiba.

Alison Henrique Moretti


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