Na manhã de 23 de julho, o estúdio do Jornal Noroeste, em Nova Esperança, foi palco de um acontecimento raro na história da comunicação regional: a reunião simultânea de lideranças estaduais de alto escalão, incluindo o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputados, secretários de Estado, o prefeito da cidade e a ex-prefeita. Um momento que, mais do que simbólico, reforça a centralidade da imprensa local na construção do debate público e na valorização da democracia.

Não por acaso, autores como Habermas já defenderam que a esfera pública se estabelece quando há espaços autênticos de debate e interlocução entre Estado e sociedade civil. Foi exatamente isso que se viu no estúdio do Jornal Noroeste: um ambiente de escuta, transparência e prestação de contas, longe dos palanques e próximo da realidade dos cidadãos.

Ao longo de seus 30 anos, o Jornal Noroeste consolidou-se como um ator relevante da mídia regional, e sua credibilidade foi reconhecida, inclusive, com menção honrosa da Assembleia Legislativa. A homenagem traduz o que Umberto Eco certa vez afirmou: o jornalismo não apenas informa, mas constrói memória coletiva e registra os movimentos da sociedade. Ao abrir espaço para um encontro político dessa magnitude, o jornal não apenas noticiou: fez história.

Importante lembrar que a imprensa regional cumpre um papel que a mídia nacional, muitas vezes, não alcança: a mediação entre o poder público e o cotidiano das comunidades locais. Como ressalta Luis Nassif, o jornalismo local é responsável por dar visibilidade a questões que escapam dos grandes centros, contribuindo com uma visão mais justa e plural da realidade brasileira.

O fato de uma cidade como Nova Esperança receber tamanha atenção institucional e política demonstra uma mudança de paradigma: os grandes debates não precisam acontecer apenas nas capitais. Com responsabilidade e compromisso ético, veículos regionais podem — e devem — assumir o protagonismo na mediação do discurso público.

Também é possível recordar o pensamento de Raymond Williams, que via os meios de comunicação como elementos fundamentais da cultura democrática. Para ele, o jornalismo, especialmente aquele enraizado no território, atua como instrumento de conscientização e organização social. Assim, quando o Jornal Noroeste abre seu estúdio para o debate político qualificado, está promovendo algo maior: o exercício pleno da cidadania informada.

O simbolismo desse momento — o encontro de autoridades no coração da imprensa local — é também um chamado à valorização e à proteção da mídia regional. Em tempos de desinformação e discursos de ódio, o jornalismo ético, factual e comprometido com a verdade se torna ainda mais essencial.

Que este momento vivido pelo Jornal Noroeste possa contribuir para reforçar a importância do jornalismo regional, incentivando outros veículos e comunidades a valorizarem o diálogo aberto e próximo da população. Afinal, o fortalecimento da imprensa local é fundamental para aproximar a democracia da realidade cotidiana das pessoas.

·          Alex Fernandes França é Administrador de Empresas, Teólogo, Historiador e Mestrando em Ensino pelo PPIFOR – UNESPAR