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Robert Jones afirmou corretamente que “a ira é um problema universal, prevalecente em todas as culturas e vivenciado por todas as gerações. Ninguém está livre de sua presença e nem imune ao seu veneno. Ela impregna cada pessoa e azeda nossos relacionamentos mais íntimos. A ira é um aspecto garantido de nossa natureza caída”. 

Às observações de Jones, podemos acrescentar frustrante realidade de que a ira é quase sempre dirigida às pessoas que amamos. É possível ser um amável com terceiros, mas ser um brutamonte com o cônjuge, filhos, pais, familiares e também com outros cristãos. Isso é lamentável. 

Segundo o dicionário Aurélio, a ira é cólera e desejo de vingança. Numa outra definição, na internet, a ira é descrita como um intenso sentimento de ódio, de rancor, geralmente, dirigido a uma ou mais pessoas em razão de alguma ofensa, insulto etc. Acrescentamos que geralmente vem acompanhada de sentimentos, atitudes e palavras pecaminosas que provocam estragos grandes. 

Sabemos que esse é um assunto muito complexo e não temos a intenção de tratar aqui de forma abrangente. Poderíamos, por exemplo, falar da ira como uma das perfeições de Deus. Isso é desconfortável para muitos, mas a ira de Deus é das perfeições divinas tanto como a sua fidelidade e o seu amor. A ira de Deus é a sua eterna ojeriza por toda injustiça. Ela é o seu ódio intenso a todo pecado. Deus ama tudo o que é certo e bom, ou seja, tudo que se conforma ao seu caráter moral. No entanto, Ele odeia tudo que se opõe ao seu caráter santo. Assim, sem a sua santa ira, Deus não seria perfeito porque, por exemplo, Ele olharia com igual satisfação a sabedoria e a insensatez dos homens. 

Poderíamos discorrer também sobre a ira humana como um sentimento justo em face da uma injustiça cometida. Uma vez que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, o glorificamos quando repudiamos a injustiça e nos alegramos com a justiça. Não obstante, o problema da ira humana é que, por causa do pecado, geralmente não sabemos lidar com a ira abrigada, e, mesmo quando estamos corretos em nossas reinvindicações, perdemos o controle e excedemos limites. Para agravar um pouco mais, há outro problema: muitas vezes não discernimos corretamente o que é justo e nos iramos contra o que é certo e bom. Esse aspecto do assunto “ira” é interessante, mas isso está fora do nosso escopo neste artigo. 

Nossa rápida abordagem concentra-se na ira que podemos chamar de pecaminosa.  Muitas pessoas, até mesmo aquelas que se denominam cristãs, perdem facilmente a calma e reagem grosseiramente a grandes ou pequenas confrontações da vida. Isso é um problema muito sério, mas alguns não percebem o perigo. As palavras e atitudes de outros, ou ainda situações adversas, muitas vezes, desencadeiam a ira de nossos corações, porém não percebemos que o motivo está lá dentro de nós mesmos e não fora – geralmente é o nosso orgulho, nosso egoísmo ou nosso desejo de supremacia e controle.  

Por favor, considere com atenção esse assunto através de alguns exemplos práticos. Como você reage quando seus filhos pequenos derramam bebida no chão ou sobre a mesa? Quando o jantar não está pronto? O que passa no seu coração quando alguém está atrapalhando o fluir do trânsito, e, para piorar, você está muito atrasado? Como você fica quando as coisas não estão do seu jeito ou fogem do seu controle? Como você reage a uma crítica? Quando a “vida” lhe diz não? Quando você não consegue o que quer? Quando as pessoas não fazem a sua vontade ou do “seu jeito”? 

As Escrituras muito nos ensinam sobre esse assunto. Vejamos, por exemplo, algumas passagens no livro de Provérbios: 

Pv 14:29 - A pessoa paciente acabará se tornando sábia; quem perde a paciência e estoura depressa nunca deixará de ser tolo. 

Pv 16:32 - O homem paciente vale mais que um general que venceu muitas batalhas porque é muito mais difícil controlar as próprias emoções do que conquistar uma cidade.

Pv 29:11 - O irresponsável explode em grito, quando está furioso; o homem de bom senso controla seus nervos e suas reações.

Pv 19:19 - O homem de gênio difícil precisa do castigo; se você o poupar, terá que poupá-lo de novo.

Pv 29:22 - O homem de gênio violento provoca brigas por toda parte e comete pecados a torto e a direito.

O livro de provérbios trabalha muito a ideia de sabedoria em contraste com a insensatez e a tolice. Uma pessoa sábia e de bom senso procura dominar seu temperamento. A pessoa tola, não. Os relacionamentos do sábio são marcados pela candura, amabilidade e mansidão. As palavras do sábio são edificantes e transmitem graça. Os insensatos, ao contrário do sábio, deixam feridas por onde passam, contaminam e não tem disposição de mudar. 

Diante disso, podemos indagar: Como lidar com a ira de modo que honre a Deus? 

Primeiro, temos que reconhecer e confessar nossa ira e o pecado que nela existe. Sem admitir que haja descontrole, não há como lidar com esse problema. 

Em segundo lugar, precisamos examinar os motivos da nossa ira. É por causa de orgulho, egoísmo ou algum ídolo do coração que foi ameaçado? Se for esse o caso, precisamos nos arrepender não apenas da ira pecaminosa, mas dessas outras coisas que quebram a lei de Deus e nos contaminam. 

Em terceiro lugar, mudar nossas atitudes em relação às pessoas cujas palavras e ações (ou omissões) engatilharam nossa ira. O apóstolo Paulo nos exorta da seguinte maneira: “Pelo contrário, sejam bons e atenciosos uns para com os outros. E perdoem uns aos outros, assim como Deus, por meio de Cristo, perdoou vocês.” (Efésios 4.32). 

Por último, precisamos depender totalmente da graça de Deus e entregar a Ele a situação que ocasionou a nossa ira. Uma maneira sábia de vencer emoções pecaminosas é crer que Deus é soberano em todos os acontecimentos de nossa vida – os bons e os ruins. Tudo aquilo que nos enfurece está debaixo do controle soberano de Deus. 

Quão curto é o seu pavio? Espero que essa pequena reflexão desperte o seu coração para a importância desse questionamento. O homem cheio de ira ignora que todos nós compareceremos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer sejam más (2 Co 5:10). Há muito em jogo, mas o tolo não se importa. O ódio é uma perversidade do coração e os perversos não herdarão o reino de Deus (Pv 12.2). 

Se o seu pavio anda muito curto, clame a Deus por perdão, graça e misericórdia. Peça um coração sábio e viva se esforçando, no poder do Espírito Santo, para andar como andou nosso Senhor que é manso e humilde de coração (Mt 11.29). 

Azael Araújo

Azael Araújo


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