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Tudo novo (de novo)


Por: Simony Ornellas Thomazini
Data: 07/01/2020
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É preciso criar espaços, permitir lacunas para que o novo possa entrar e começar. Não dá pra esperar algo diferente se eu estou sempre com as mãos ocupadas. 

É necessário abandonar o que já não serve mais e aprender a reconhecer o que precisa caminhar junto.

É tempo de travessias. Tempo de respirar fundo e continuar, apesar do ano que se passou, apesar das dores que ele trouxe, das perdas, dos fracassos, das desilusões que o ano velho causou. É preciso que o passado nos sirva de aprendizado e que o futuro seja como uma luz a nos guiar ao nosso verdadeiro desejo.

É importante lembrar que acima de tudo, é necessário se questionar, se implicar em buscar onde mora o meu desejo. Mais do que traçar metas, colocar objetivos, mais do que esperar algo do “ano novo” é preciso caminhar e ser fiel ao que desejamos.

E o que seria esse desejo?

É aquele lugar em que não possui objeto na realidade que o satisfaça. Por exemplo: se eu tenho um objetivo de comprar um carro em 2020, assim que o desejo se concretizar, ele morre. Após conseguido o objeto, a meta, ela consequentemente tem um fim. 

Com o desejo acontece de maneira diferente, ele vive de mais desejo, isto é, de continuar desejando. Não se satisfaz com objetos da realidade, se satisfaz apenas parcialmente para continuar sempre buscando, mais e mais e mais. Está sempre envolto a nossas maneiras peculiares de viver a nossa vida. Nossas escolhas profissionais, amorosas, culturas, de lazer, e etc. 

E é aqui que mora a grande dificuldade humana: saber diferenciar o que se quer do que se deseja. Porque querer e desejar não são a mesma coisa, e às vezes, não se quer o que se deseja e vice-versa. Pareceu confuso? Sim, a natureza humana é complexa mesmo. Mas, sigamos com alguns exemplos.

 Se eu estou com fome, eu quero comida, logo, sinto-me saciada. Mas e quando minha fome nunca é saciada? Será que era comida mesmo que eu queria? É aí que entra o desejo. Eu quero e peço por comida porque eu acho que estou com fome, quando na realidade, minha fome é outra. 

E é isso que nos torna humanos, o desejo. Às vezes, essa fome não é de comida, mas de amor, atenção, cuidados e milhares de outras coisas que só podem ser ditas por quem a sente.

Que neste ano estejamos abertos ao desejo, ao novo. E para que isso ocorra, que possamos nos desapegar, deixar ir embora o que não acende o brilho do nosso olhar. Deixar o caminho vago para novos tropeços, amores, lugares, pessoas, novos amanheceres: dentro e fora.

O ano novo nos dá essa “esperança”, mas do verbo ir, lutar, buscar o que desejo. E não do verbo “esperar” que algo venha até mim. Reconhecer isso já é um grande passo.

E que por fim, aprendamos a querer saber mais sobre a pessoa que somos, para nos tornar alguém melhor a nós mesmos primeiramente, e em consequência disso, para o mundo a nossa volta.

Quanto mais eu sei sobre mim, menos eu me permito estar em lugares ou pessoas em que meu desejo não esteja. 

E se eu sei o quê ou quem eu desejo, o ano, a vida, o mundo, é um lugar bem melhor para se estar e viver. 

Um brinde aos recomeços em que tudo é novo (de novo).  

Simony Ornellas Thomazini


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