Celebramos no último dia 06 de maio, 164 anos de Sigmund Freud! Neste dia também é comemorado o dia do psicanalista. Porém, neste ano, o aniversário do nascimento de Freud possuiu um significado diferente.
Freud, pai da psicanálise, foi um homem visionário, muito a frente de seu tempo e conectado à sua cultura, Hoje relemos suas obras com olhares atônitos redescobrindo o quanto elas nos servem de farol, pois são cada vez mais pontuais e necessárias nos tempos sombrios atuais.
Atravessar 2020 requer para cada um, a seu jeito e da maneira que lhe é possível, criar modos de travessia. E isso exige um trabalho analítico cotidiano insistente, árduo, não sem doses de angústia e medo, afetos vivenciados atualmente que nos inundam de um jeito ou de outro, em maior ou menor grau, mas atinge a todos.
Em meio à pandemia que estamos vivenciando, é esta mensagem que deixo aqui de Freud dita na metade do século XX: “Criar não é chorar o que se perdeu e que não se pode recuperar, mas substituí-lo por uma obra tal que, ao construí-la, se reconstrói a si mesmo”.
Presenciamos nesta realidade na qual estamos todos submersos, as mais variadas perdas. A perda do que éramos. Perda de nossa rotina. Perda do que conhecíamos e apostávamos viver. Perdas dos laços reais, ainda que temporários, nos obrigando a criar um novo arranjo de conexões. Perdas de vidas, lamentavelmente levadas por este vírus que fez o mundo parar.
É necessário e urgente que possamos num tempo outro, reconstruir algo no lugar perdido, como nos diz Freud, para que assim, possamos reconstruir também a nós mesmos.