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O que é ser Mãe?


Por: Simony Ornellas Thomazini
Data: 30/04/2019
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Maio é o mês em que comemoramos o “Dia das Mães” sendo, portanto, o tema a qual é destinado o texto de hoje. 

Assim como Simone de Beauvoir nos diz que: “Não se nasce mulher, torna-se mulher” o mesmo ocorre com a maternidade, ou seja, não se nasce mãe, pode-se (ou não) tornar-se uma.  A maternidade é construída, e ao contrário do que se prega na sociedade a respeito do amor incondicional que as mães sentem pelos seus filhos, existem muitas mães que apenas cumprem com o ‘destino biológico’, gerando-os, mas, não exercendo, portanto, a função materna. Mas, não é disto que se trata o presente texto (o que posso discorrer num outro momento) a discussão de hoje é sobre como é construído o papel de mães, logo, o que é ser mãe? 

Quando uma mulher vivencia o papel de mãe, ocorre um processo chamado ‘identificação’ com algum modelo familiar, geralmente esse modelo é com aquela que é a mais próxima de nós - a nossa própria mãe ou aquela que exerceu essa função.

  Quando uma mulher torna-se mãe, é como se ela revivesse o papel de filha, logo, a construção da maternidade ocorre ainda na infância quando os laços são fortalecidos, ou, com a própria mãe, ou com a pessoa que exerceu tal função. Nesse sentido, a mulher revivencia sua própria experiência infantil, como, por exemplo, tem sensações de fragilidade e dependência, identificando-se com o seu bebê. É daí também que podem surgir os temores e as angústias. 

Serão através destas experiências com início em sua infância, que uma mulher pode vir a se tornar mãe, pois, ao se tornar mãe, ela revive aquilo que conheceu como filha, sendo este o material necessário para a construção de sua maternidade. 

Nesse sentido, a identidade de uma mãe para com os seus filhos é formada através daquilo que foi vivenciado com aquela que cumpriu com a função materna. Enquanto filhas, uma nova mãe olha para o modelo que ela quer reproduzir ou não. No caso desta identificação que geralmente ocorre, a maternidade torna-se semelhante à maneira como foram os cuidados maternos anteriores.  Isso ocorre tanto para as situações boas quanto para as ruins. Por exemplo, pode-se repetir a atenção, o cuidado, o carinho. Mas também, pode-se reproduzir o descontrole, a agressividade, a ausência. 

De outro lado, a identificação negativa também pode acontecer, e é aí que está o perigo, pois, comportamentos compensatórios podem dar lugar a este imaginário materno. 

Um comportamento compensatório pode ser manifestado, por exemplo, da seguinte forma: Se uma mãe foi negligente, a tendência é de se tornar uma mãe superprotetora. Se uma mãe foi rigorosamente rígida, podem-se ter grandes dificuldades em corrigir. E assim por diante...

Assim, um novo comportamento de sucessivas compensações é construído confrontando-se ao modelo da qual não se quer reproduzir. Em decorrência disto, inúmeros conflitos prejudiciais podem ser transmitidos na relação mãe-bebê que se não forem reparados precocemente, podem se estender até a fase adulta. 

É por isso que é de suma importância analisar, refletir e ressiginificar a própria história enquanto filha, para poder dar lugar a uma identidade própria ao tornar-se mãe. Ao reinventar a maternidade, uma mulher pode evoluir psiquicamente para não mais ficar aprisionada a modelos anteriores, contribuindo para a realização de escolhas saudáveis com os seus filhos. Isto não quer dizer que uma mãe não irá falhar, haverá sim falhas, mas elas podem se tornar bem menos danosas aos seus filhos. 

Simony Ornellas Thomazini


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