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Lucro como Agente da Destruição Socioambiental Enquanto o Mercado sorri, a Terra agoniza


Por: Artigo de opinião
Data: 29/05/2025
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Sofia Burdelake Bespalhuk

Atualmente, a estudante cursa o Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio no IFPR - Campus Paranavaí, onde atua como instrutora de violão e teoria musical, coralista e bolsista em um projeto de extensão

Certamente, boa parte da população já ouviu falar sobre temas como mudanças climáticas, disputas comerciais globais, desigualdade social, extinção de biomas inteiros e tantos outros graças aos jornais. De fato, o papel do jornalismo não é outro senão conscientizar os cidadãos sobre o que está ocorrendo no mundo ao seu redor, desde o roubo no mercado da esquina a encontros políticos mundiais. Há anos todos ouvimos sobre os impactos da poluição gerada por fábricas, carros, extração de petróleo, criação de gado em massa e uso de agrotóxicos. Ainda assim, a humanidade avança em um ritmo lento em direção a um modo de vida sustentável, também chamado de verde, que não condiz com o ritmo com que novas tecnologias surgem.

Empresas milionárias enriquecem cada vez mais com o fenômeno do fast fashion, do inglês moda rápida. No fast fashion, as pessoas são constantemente encorajadas a comprar mais e mais, sem que realmente precisem daqueles produtos. Além disso, para baratear os custos, essas empresas exploram mão de obra com condições de trabalho desumanas, produzem em excesso e então enviam o que não foi consumido ou foi danificado como "doação" para países subdesenvolvidos — em especial os africanos — que, na verdade, já estão lotados de roupas de fibras sintéticas que levam tempo indeterminado para se decomporem, como retratado no documentário da Netflix A Conspiração Consumista. Esse acúmulo de resíduos têxteis não se restringe ao continente africano: o Deserto do Atacama, no Chile, também recebe toneladas de roupas descartadas, e suas montanhas de tecidos sintéticos são visíveis até do espaço.

As redes sociais também compõem uma parte importante na alienação da população quanto às verdadeiras intenções tanto de multinacionais quanto de políticos, e servem, também, como fonte de desejos intermináveis por novas aquisições — um "lugar de escape das preocupações, onde tudo o que você quiser pode ser seu". Quanto mais tempo você gasta aceitando toda sorte de informação que chega até seus olhos, mais você vicia em telas e na sensação de "fuga da realidade", e mais dinheiro ganham os donos desses aplicativos: é um ciclo que pode se mostrar tão vicioso quanto drogas ou alcoolismo. As fake news são abundantes e tornam-se cada vez mais sofisticadas com o uso de inteligências artificiais para manipulação de imagens, vídeos e sons, o que pode gerar prejuízos econômicos para quem for exposto à notícia manipulada, bem como ameaçar os direitos de imagem.

Tal como durante a Guerra Fria, a economia global atual encontra-se polarizada e concentrada nos países dominantes, como os Estados Unidos da América e a República Popular da China. Entretanto, podemos perceber que o cenário em que estamos vivendo é muito mais complexo do que na década de 1960 ou 1970: não é mais uma disputa político-ideológica, mas sim uma pela defesa dos interesses de poucos em detrimento da saúde do planeta. O comércio mundial é visto como prioridade à frente da preservação da biodiversidade, e os custos ambientais não são levados em consideração quando, por exemplo, discutidas as melhores rotas marítimas.

Desde a segunda posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, cometer crimes ambientais tem sido um hábito em seu mandato. Exemplos desse tipo de crime e retrocesso quanto ao estilo de vida e produção sustentáveis são abundantes, como a saída do Acordo de Paris, os investimentos em combustíveis fósseis, a redução dos gastos públicos com a Agência de Proteção Ambiental (EPA, da sigla em inglês), o incentivo à exploração de petróleo e gás natural, os limites impostos à liberdade científica e de expressão, o tarifaço e até mesmo sua ameaça quanto à invasão da Groenlândia são medidas com um objetivo em comum: lucro fácil.

A matéria “Entenda por que a Groenlândia, maior ilha do mundo, está na mira de Donald Trump”, publicada pelo Fantástico em janeiro deste ano, explica como o aquecimento global contribui para o exponencial crescimento da taxa de derretimento das geleiras no Mar Ártico e como potências mundiais pretendem se beneficiar com uma nova rota comercial marítima. Essa nova rota devastaria diversas espécies que já estão ameaçadas de extinção, como ursos-polares, raposas-do-ártico e focas-aneladas. A reportagem aborda, ainda, a opressão cultural imposta ao povo inuit durante as colonizações nórdica e dinamarquesa, e como a compra do território pelos Estados Unidos não seria diferente para os descendentes do povo milenar.

Por isso, a conscientização da população é essencial para uma sociedade justa, sustentável e verdadeiramente livre, onde cada indivíduo é capaz de escolher seu futuro de acordo com seu propósito, e não vivendo à mercê de empregos degradantes. Isto é jornalismo. Isto é responsabilidade social.


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