Esta semana, o cinema apresenta uma excelente opção de entretenimento e a Coluna dedica-se a destacar algumas particularidades dessa nova superprodução muito aguardada e que acabou de estrear. Em relação ao novo filme de Ridley Scott, Napoleão, você ficará muito bem informado.

Filmes baseados em figuras históricas sempre suscitam interesse, mas a linha tênue entre realidade e ficção em cinebiografias frequentemente desafia o público. A busca pela narrativa envolvente muitas vezes coloca em cheque a fidelidade histórica, com algumas produções sacrificando a precisão em favor da dramatização, resultando em distorções dos fatos.

A abordagem do diretor pode variar, desde explicitar do início que a visão é particular, como visto em Maria Antonieta, de 2006, de Sofia Coppola, onde as liberdades artísticas se sobrepõem à biografia real, até buscar uma representação mais fiel, como em O Destino de Uma Nação, de 2017, de Joe Wright. Independentemente da escolha, a ética na abordagem é crucial para evitar o sensacionalismo, como recentemente evidenciado no filme I Wanna Dance With Somebody – A História de Whitney Houston.

No entanto, a crítica de cinebiografias deve ir além da análise técnica e estética, questionando a integridade histórica e ética da representação. O público merece uma narrativa que respeite a complexidade da vida real, mesmo quando condensada para a tela.

Ridley Scott, diretor veterano, escolheu um personagem complexo para seu novo filme, Napoleão, lançado ontem. A obra já chegou aos cinemas envolta em polêmicas, com críticos franceses expressando descontentamento, ao que o diretor respondeu alegando que “os franceses não gostam nem deles mesmos” (risos). Independente das críticas, a direção de Scott é assertiva, especialmente na última batalha, apresentada de forma épica, com coreografia e representação brutais e sem filtros da violência.

No entanto, o roteiro de David Scarpa, também autor de Gladiador, de 2000, é competente, embora para o paladar de um historiador como eu, seja demasiadamente repleto de liberdades que eu chamaria de “erros históricos”. Um exemplo disso é a representação de Napoleão na execução de Maria Antonieta, algo que realmente não tem fundamento. Além disso, outra questão que me incomoda um pouco é a abordagem caricata que o roteiro adota em relação à figura histórica tão importante do protagonista, porém, mais uma vez, respeitemos as liberdades artísticas.

Do ponto de vista técnico, a produção é irregular, com momentos de destaque na montagem, mas um ritmo considerado lento para um filme longo. O trabalho de fotografia, embora visualmente bonito, destoa devido à predominância dos tons de cinza.

No elenco, Joaquin Phoenix se destaca como Napoleão, apresentando uma interpretação arrogante e vulnerável, mas a meu ver, um tanto caricata. Vanessa Kirby brilha na construção de Josephine, merecendo destaque e possível indicação ao Oscar. Vamos à trama!

A trama de Napoleão narra a ascensão de Bonaparte ao poder na França, destacando suas vitórias políticas e militares, enquanto explora seu relacionamento volátil com Josephine. Apesar de uma abordagem centrada no amor verdadeiro, a complexidade do filme desperta interesse e permite uma visão do homem para além do mito.

Por que ver esse filme? Ver o filme pode ser uma experiência envolvente para aqueles que apreciam produções que exploram eventos históricos e figuras marcantes. Essa pode ser uma boa escolha para quem busca uma abordagem cinematográfica diferenciada sobre a vida do líder francês. Como dito antes, ele possui suas controvérsias e interpretações peculiares, mas é um prato cheio para aqueles que apreciam uma representação ousada e envolvente de eventos relevantes na trajetória da humanidade, apesar das liberdades artísticas que possam causar desconforto aos mais críticos. Além do mais, depois de uma temporada carente de grandes filmes, assistir a uma obra de Ridley Scott no cinema é sempre uma boa pedida. Boa sessão!