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Profissionais de enfermagem se tornam símbolo da humanização


Por: Alex Fernandes França
Data: 22/05/2020
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O atual momento tem gerado reflexões sobre a profissão e ressignificado a palavra “dedicação”. A pandemia mostrou que o papel dos profissionais de Saúde passou a ser visto com outros olhos por boa parte da sociedade. 12 de maio foi comemorado o Dia Mundial da Enfermagem e na última quarta-feira (20), o Dia Nacional do técnico de Enfermagem

Comemorou-se em 12 de maio, o Dia Mundial da Enfermagem e no dia 20 de maio, o Dia Nacional do técnico de Enfermagem. E quem é da área da saúde sabe a importância de reconhecer esses profissionais, em que o zelo e a dedicação diários são fundamentais. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), no Brasil, existem mais de 500 mil enfermeiros, além de técnicos e auxiliares de enfermagem, que totalizam mais de 2 milhões de profissionais no país. Estão na profissão aqueles que se doam sem pensar a quem; por isso, enfermeiros são símbolos de amor, de respeito ao próximo, de empatia e, principalmente, de humanização. São prestadores de cuidados essenciais, que tratam muito além da saúde física, responsáveis também pela saúde mental, social e até espiritual das pessoas.

De acordo com a enfermeira Sheila Bordim Colombo, que atua há 15 anos na profissão, a escolha pela enfermagem se baseou essencialmente na capacidade de cuidar de pessoas e salvar vidas. “A escolha dessa profissão foi baseada em um dom que Deus me deu. Tudo que decidi fazer na minha vida foi para a honra e glória do Senhor. O desejo foi que Ele tomasse minhas mãos, me abençoasse e as usasse para salvar vidas”, frisou a profissional, que trabalha no Hospital Municipal de Nova Esperança.  

A OMS (Organização Mundial da Saúde) definiu 2020 como o ano internacional dos profissionais de enfermagem. Neste ano 108 enfermeiros morreram e mais de 14.200 foram infectados pelo coronavírus só no Brasil até quarta-feira (13). No Estado do Rio de Janeiro, já são 3.100 infectados e 29 mortos. Em meio à pandemia da Covid-19, profissionais precisam lidar com outro vírus, o da desinformação e das fake news, chamado de infodemia.

Os profissionais de Enfermagem sempre foram extremamente  importantes no contexto da saúde do Brasil e do mundo. Porém, parece que sempre foram invisíveis para grande parte da sociedade. Eles sempre cuidaram dos  pacientes, na linha de frente, atendendo a população. Mas é nessa pandemia que a sociedade tem visto o trabalho da enfermagem. Nunca é tarde para valorizar, principalmente porque 2020 foi considerado o ano internacional de enfermagem. A pandemia mostrou que o papel dos profissionais de Saúde passou a ser visto com outros olhos, porém ainda há muito o que avançar.

Um pouco de História

Doze de maio foi comemorado o Dia Internacional do Enfermeiro em homenagem ao nascimento da mulher considerada fundadora da enfermagem moderna, há 200 anos. Ela não enfrentou uma pandemia, mas conheceu a linha de frente de uma guerra. A enfermeira inglesa Florence Nightingale socorreu os soldados britânicos na Guerra da Crimeia, no século 19. Naquela rotina sangrenta, ao lado de sua inseparável lamparina, ela observou que os soldados morriam mais de infecções do que dos ferimentos. O ambiente era muito sujo. Florence, então, mandou a tropa cuidar da tal da “higiene”, palavra incomum na época. A limpeza do lugar e das pessoas era vital. Ela salvou tantas vidas que aquela guerra não teve um herói, mas uma heroína, coisa rara.

E passou a ser a maior defensora do que tanto se repete agora: lavar as mãos sempre que possível, e direito.

Tempos depois, foi ela que ficou doente. Mesmo de cama, num isolamento forçado, Florence continuou produtiva. Escreveu um livro que virou referência mundial na área da saúde. Morreu, aos 90 anos, de complicações de uma infecção.

A pandemia do novo coronavírus fez as homenagens a Florence ganharem ainda mais significado nesta terça-feira (12). Lembrar a história da “mãe da enfermagem” é homenagear todas as enfermeiras e enfermeiros num momento tão importante como esse.

O sobrenome de Florence batiza todos os hospitais de campanha do Reino Unido que atendem vítimas do coronavírus. Uma homenagem a aqueles que mudam a vida de tanta gente. No Brasil, a enfermagem tem uma baiana como pioneira: Ana Justina Ferreira Néri.

Em 1865, duas décadas depois de enviuvar, Ana Néri viu os três filhos partirem para integrar as Forças Militares Brasileiras na Guerra do Paraguai. Ela mandou uma carta ao governador da Bahia. Contou que era viúva, que os filhos eram tudo o que lhe restava, e pedia que a mandasse para a guerra, para ajudar a cuidar dos feridos.

Pedido aceito, aos 51 anos de idade ela passou a trabalhar em hospitais da zona de guerra, em pelo menos quatro cidades. Em Assunção, a capital paraguaia, Ana Néri usou o próprio dinheiro, herdado da família, para montar uma enfermaria modelo.

Voltou para casa em 1870, com o fim do conflito em que perdeu um dos filhos. Recebeu condecoração do imperador Pedro II. Viveu ainda por mais uma década e se tornou símbolo brasileiro da dedicação dos profissionais da enfermagem. Com informações Care Plus  e Jornal Nacional/Globo. 

Nos passos do bom samaritano

Jesus lhe disse: “Vá e faça o mesmo.” Lucas 10:37, NVI

Em uma autobiografia intitulada Uma Criança Tratada como Coisa, Dave Pelzer narra sua triste descoberta, bem cedo na infância, de que a família da qual era parte com mais dois irmãos não fazia justiça à imagem de perfeição que ele tinha em mente. Até seus primeiros cinco anos, seus pais, um bombeiro heroico e gentil, e a mãe, dedicada dona de casa, eram diligentes provedores do lar, afetuosos e atenciosos para com os filhos.

Entretanto, a partir de certo momento, não mais puderam esconder algo que transtornou a vida de Dave: eram alcoólatras. Com o tempo, os conflitos ficavam mais evidentes. O pai se mostrava distante, envolvido no trabalho, passivo e submisso diante dos caprichos da esposa e mãe dominadora e cada vez mais agressiva. Talvez por ser mais perceptivo, Dave se tornou o alvo de inomináveis abusos psicológicos, verbais e físicos por parte dela. A autoestima do garoto desceu ao nível mais baixo imaginável.

Certo dia, Dave passou por um exame de rotina realizado pela enfermeira da escola. Na sala dela, despido de seu uniforme escolar, ele foi meticulosamente examinado pela profissional que não escondia o assombro ao ver hematomas, feridas em processo de cicatrização e marcas de queimaduras em seu corpo. Deixando de lado a prancheta com o formulário, para espanto dele, ela apenas o abraçou longamente com ternura e emoção, tentando conter as lágrimas. Pela primeira vez, Dave se sentiu alguém, e diz ter pensado: “Meu Deus! Ela é tão calorosa! Não quero largá-la, quero ficar aqui para sempre.” E acrescenta: “Fechei os olhos, nada mais pareceu existir. Nunca mais me esqueci do seu perfume” (p. 6).

Enfermeiros, que são homenageados neste dia (12 de maio), podem fazer mais do que ajudar na cura física. Caso Jesus Cristo nos contasse hoje história semelhante, concluiria fazendo a todos nós o mesmo apelo que fez ao preconceituoso erudito observador da lei, depois de lhe contar a parábola do bom samaritano: “Vá e faça [pelo semelhante] o mesmo” que o samaritano fez em favor de um homem assaltado, caído à beira da estrada.

O dever de acudir o próximo está acima dos muros religiosos, étnicos, culturais e sociais que costumamos erguer. Você e eu fomos chamados para fazer diferença, servindo em um mundo indiferente e egoísta. Restaurar o próximo, às vezes, pode custar apenas um abraço. Como o daquela enfermeira.

Meditações Diárias 2020 – “De Coração a Coração” | 12.05.2020

Pr. Zinaldo A. Santos


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