Pacientes com Diabetes Tipo 2 deverão perder peso para evitar avanço da doença
O excesso de peso e a obesidade têm sido apontados como os principais fatores de risco para complicações causadas pelo Diabetes Tipo 2 nos últimos anos. Agora, uma nova diretriz das sociedades americana e europeia de diabetes, divulgada em junho, propõe que a perda de peso seja priorizada para controlar o avanço do diabetes e não mais apenas o controle do índice glicêmico em primeiro lugar.
O Diabetes Tipo 2 é responsável por 90% dos casos da doença no mundo e está diretamente relacionado ao excesso de peso. Em casos graves e sem controle, a doença pode causar neuropatia diabética, problemas arteriais, doença renal, perda da visão, amputações entre outras consequências.
Em Curitiba, a última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (Vigitel), do Ministério da Saúde, aponta que 9,3% da população possui diagnóstico de diabetes. Os dados da pesquisa revelam também que a doença afeta mais as mulheres (10,3%) do que os homens (8,1%). Já os índices de obesidade na capital paranaense são ainda mais alarmantes. Cerca de 22,6% da população, ou seja, uma em cada cinco pessoas, está convivendo com a obesidade.
Segundo o médico e cirurgião especialista em cirurgia bariátrica e metabólica, Dr. José Alfredo Sadowski, a relação entre o excesso de peso e o diabetes é clara e conhecida pela comunidade científica.
"Uma maior quantidade de gordura corporal causa resistência à insulina e aumento dos níveis de glicose no sangue, o que pode levar ao diabetes tipo 2 e agravar o quadro. Por isso, a importância de se priorizar a perda de peso no primeiro momento", explica Sadowski.
A decisão das entidades internacionais está embasada em um estudo publicado no The Lancet, uma das mais importantes revistas científicas do mundo, que apontou um efeito importante no controle do diabetes tipo 2, induzindo a remissão em grande e melhora considerável do estado metabólico dos pacientes, a partir de uma perda de 15% de peso.
"É hora de considerar mudar o foco do tratamento para pacientes com diabetes tipo 2 da atual abordagem glicocêntrica reativa para abordar a obesidade, o principal fator da resistência insulínica. [...] As evidências sustentam que a perda de peso pode reverter fundamentos fisiopatológicos do diabetes tipo 2. Atingir e manter uma perda de peso ideal de 15% deve ser a meta inicial do tratamento para um conjunto considerável de pessoas com diabetes tipo 2", dizem os pesquisadores no estudo.
Brasil deverá seguir o mesmo caminho
A proposta também deverá chegar ao Brasil neste ano e integrar os algoritmos da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), segundo o médico endocrinologista André Vianna, que também é coordenador do departamento de educação da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e presidente da SBD no Paraná.
"As novas diretrizes são revistas e publicadas anualmente pela Sociedade Americana e, com toda certeza, servirão como ponto chave para a publicação das novas diretrizes brasileiras em breve", explica Vianna.
Tratamento clínico - Pacientes com Diabetes Tipo 2 precisam de acompanhamento com médico especialista e uso de medicações para estimular a produção de insulina pelo pâncreas ou reduzir a absorção de carboidratos (que são convertidos em açúcares pelo organismo). O uso de insulina também pode ser indicado e todo o tratamento está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
Tratamento cirúrgico - Como em qualquer tratamento clínico, alguns pacientes podem não responder como o esperado. Nestes casos, para evitar a progressão da doença e as consequências do diabetes, a cirurgia metabólica pode ser indicada. No Brasil, o tratamento cirúrgico do diabetes tipo 2 foi aprovado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2017, e tem como critério de indicação a falha no tratamento e obesidade leve, com Índice de Massa Corporal (IMC) entre 30 kg/m² e 34,9 kg/m².