Polarização partidária é apontada como maior causa de tensão no Brasil, indica Ipsos
83% dos entrevistados no país acreditam que há muita ou alguma tensão entre pessoas que apoiam partidos políticos distintos
Entre cada 10 brasileiros, 8 acreditam que há muita ou uma quantidade considerável de tensão entre pessoas que apoiam diferentes partidos políticos no Brasil atualmente. É o que aponta a pesquisa Culture Wars Around the World: How Countries Perceive Divisions, realizada pela Ipsos com 28 países. Do total de respondentes no mundo, 69% disseram que há “uma quantidade considerável” ou “muita” tensão entre apoiadores de partidos políticos distintos.
O estudo pediu que os entrevistados avaliassem se há “muita”, “uma quantidade considerável”, “não muita” ou “nem um pouco” de tensão em diferentes grupos da sociedade. Com um percentual de respostas “alguma” ou “muita” tensão de 83%, a tensão política ficou em 1º lugar no Brasil. Dos 12 grupos apresentados, em 11 o percentual de tensão percebido pelos brasileiros é mais alto do que a média global. Isso acontece porque quase metade dos entrevistados no país (47%) acredita que o Brasil é dividido por “guerras culturais” ou conflitos de ideias/identidades. Globalmente, apenas 35% estão de acordo com a afirmação.
Em segundo lugar, o maior índice de tensão percebida pelos brasileiros é entre ricos e pobres (79%). Na terceira posição, figura a tensão entre diferentes classes sociais, com 77%. A nível global, a soma das respostas “uma quantidade considerável” e “muita” tensão para esses questionamentos foi, respectivamente, de 74% e 67%.
Entre aqueles com ideias mais socialmente liberais e progressistas e aqueles com valores mais tradicionais, o percentual de tensão atual, de acordo com a percepção dos entrevistados no Brasil, é de 76%. No mundo todo é relativamente menor, de 65%. Além disso, quase três quartos dos brasileiros participantes do estudo (73%) nota um nível de tensão considerável ou muito alto entre diferentes religiões. Considerando a média global, são 57%.
O único grupo em que as respostas dos respondentes do Brasil ficam abaixo do posicionamento global se refere à tensão entre imigrantes e pessoas nascidas no próprio país. Os brasileiros que notam tensão nesse grupo somam 51%. Já no mundo todo, são 66%.
"Os resultados trazem uma importante contribuição ao debate que se estabelece no Brasil neste momento, em que a polarização política, que tem se espraiado para todos os setores da nossa sociedade, atinge contornos críticos e sem perspectivas de arrefecimento. Comparando com os demais países, o Brasil sempre se destaca pela alta percepção de confrontos entre grupos sociais, o que nos coloca em posição de destaque quanto a esta problemática. E a maior percepção de tensão é identificada justamente entre os apoiadores de diferentes grupos políticos, o que parece apontar para a origem de uma situação que pode fazer com que cresçam ainda mais as divisões que tradicionalmente assomam também outros setores da nossa população", analisa Helio Gastaldi, diretor de Public Affairs da Ipsos.
A pesquisa on-line foi realizada com 23.004 entrevistas, sendo mil brasileiros, de 28 países. Os dados foram colhidos entre 23 de dezembro de 2020 e 8 de janeiro de 2021. A margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais.