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E Nova Esperança fica mais triste.... Morre Tio Pedrão: o motorista que transportou gerações


Por: Alex Fernandes França
Data: 06/09/2021
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Muito popular em Nova Esperança, o motorista da Prefeitura, aposentado desde 1997 marcou a história de muitas gerações de estudantes e faleceu nesta segunda-feira(06).

(Alex Fernandes França) – Tio Pedrão faleceu nesta segunda-feira (06) aos 81 anos

A alegria estampada no rosto de Pedro Fernandes, o popular “Tio Pedrão” contagiou por vários anos a todos os que o conheceram. Sujeito de riso fácil, brincalhão e de bem com a vida, ganhou o apelido de “Tio” graças ao serviço de motorista da Prefeitura de Nova Esperança, onde, por vários anos transportou os alunos da cidade, principalmente da Pré Escola Comecinho de Vida. Baiano de Euclides da Cunha, “tio Pedrão era a alegria em pessoa. Em entrevista à reportagem da Noroeste Revista, no final do ano passado, ele   contou que chegou a Nova Esperança em 1960 para trabalhar como peão nas lavouras das enormes fazendas onde o principal produto da economia em todo o estado do Paraná era o café, não por acaso conhecido por ‘ouro-verde’, dada a sua importância e alto valor agregado. Foram milhares de alunos, hoje pais de famílias e profissionais das mais diferentes áreas de atuação, que foram por transportados no ônibus do Tio Pedrão. O motorista estava aposentado desde 1997 e na ocasião disse perder as contas de quantos alunos já transportou. Da pré-escola à universidade foram milhares, sendo que destes muitos tiveram ele como ‘piloto’, como costumavam dizer, nas duas ocasiões.

Em 2020 ele foi tema  da 7ª Edição da Noroeste Revista


Sem bagunça
Com o tio Pedrão não tinha bagunça no ônibus e os estofamentos e demais acessórios eram sempre muito bem conservados. Antes de chegar a Nova Esperança, o veterano motorista conta que tinha ido da Bahia ao Sergipe, em meados da década de 50, para trabalhar, juntamente com outros amigos, todos retirantes nordestinos, em usinas de cana de açúcar, principal matéria prima para a fabricação do açúcar e álcool (etanol). Dali foi pra São Paulo em busca de uma vida melhor, labutando também em usinas. Lá também não se adaptou com o sistema de mão de obra semiescrava cujo processo de transformação era todo artesanal e desprovido das tecnologias hoje existentes. “Não tínhamos nada pra comer naqueles lugares. Passamos muitas dificuldades. As canas eram puxadas por enormes carroções”, recorda. “Com meus colegas, até chegar a São Paulo foi uma viagem difícil, pois não tínhamos recursos nem pra viagem. Conseguimos chegar até Monte Azul, cidade de Minas Gerais e dali pra capital paulista o transporte, feito pelo serviço de migração, ficou mais fácil”, relembra emocionado o tio Pedrão. O tempo passou e quando chegou a Nova Esperança, no ano de 1960, foi trabalhar no Distrito de Barão de Lucena numa fazenda, fazendo a colheita de café. Depois veio trabalhar no município com a família Zacharias. “Trabalhei com o pai do professor Ademir Zacharias, o sr. Luiz Zacharias. Hoje o lugar é o Jardim Santo Antonio, mas antes era uma enorme propriedade com extensa plantação de café”, conta o pioneiro, que trabalhou também como leiteiro com o saudoso José de Deus Mateus, que anos depois seria vitimado por um acidente aéreo ocorrido em 18 de junho de 1977.
Em 1973, no primeiro mandato do ex-prefeito José Ercílio Kreling foi contratado pela Prefeitura Municipal e pouco tempo depois passou a transportar os alunos da Pré-escola Comecinho de Vida e segundo ele, “seu Ercílio recomendou que cuidasse direitinho das crianças. Agradeço muito a ele pela oportunidade de transportar os filhos da nossa cidade. O que adquiri em Nova Esperança foi primeiramente graças a Deus e tudo o que ocorreu comigo em todos estes anos foi por intermédio do ex-prefeito Ercílio Kreling”, finalizou bastante emocionado. Foi casado por 50 anos com a D. Luzia, a quem chamava carinhosamente de ‘meu anjo’ com quem teve os 3 filhos: Isaías, Roseli e Andréia.


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