Bolsonaro confirma que deputado Luís Miranda será investigado
Em tensa conversa com repórteres em Sorocaba (SP), presidente citou erro em contrato de compra da Covaxin, já corrigido
O presidente Jair Bolsonaro deu uma entrevista coletiva tensa na manhã desta sexta-feira (25) em Sorocaba (SP). Pouco antes do depoimento do deputado Luís Miranda (DEM-DF) à CPI da Covid, marcado para as 14h, o chefe do Executivo afirmou que o parlamentar será, sim, investigado a pedido do governo federal.
Ele não falou, no entanto, se a denúncia do deputado passaria por alguma investigação. O presidente deu a entender o contrário, na verdade, quando disse que não havia superfaturamento na negociação e que a empresa confirmou que o valor cobrado do Brasil estava na média do que pagavam os outros países que se interessaram pelo imunizante.
O presidente reiterou que nenhuma dose chegou a ser comprada.
Bolsonaro comentou que o contrato para aquisição das vacinas indianas apresentou um erro, que já foi sanado. "Era um documento que estava feito de forma equivocada, em vez de 300 mil doses eram 3 milhões e isso foi corrigido no dia seguinte." Não deu datas.
Ele admitiu ter conversado com Luís Miranda em 2020 (o deputado, aliado do governo, teria tentado alertá-lo sobre irregularidades na negociação), mas minimizou a importância da conversa. "Falei com ele o ano passado, foi lá e falou um montão de coisa, como recebo uma infinidade de pessoas que não conheço: 99% das pessoas eu não conheço", comentou.
O presidente, que foi a Sorocaba inaugurar um centro de tecnologia, reclamou que a denúncia é aproveitada pela imprensa, que não consegue elogiá-lo por "dois anos e meio sem corrupção".
Bolsonaro brigou com uma repórter que insistiu em saber se as vacinas seriam compradas. Ele também xingou um jornalista de ridículo, mandou ele voltar para a faculdade e depois disse que o rapaz deveria nascer de novo.
Voto auditável
Na mesma entrevista, o presidente garantiu que se passar no Congresso o voto auditável, ele será utilizado em 2022 mesmo se o Judiciário questioná-lo.
"Se o Congresso Nacional aprovar, teremos o voto auditável e ponto final."
Bolsonaro afirmou que já conversou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e a União já tem os R$ 2 bilhões necessários para acolplar a impressão do voto ao lado das urnas eletrônicas.
Segundo o presidente, dois ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) estão "fazendo militância" contra seu governo.
"Tiraram o Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva] da cadeia, tornaram Lula elegível pra quê? Pra elegerem o presidente na fraude?"