Ver nosso filho passando por alguma dificuldade não é nada fácil, sempre vamos querer ajudá-lo e evitar o sofrimento. Mas evitando, assim, que ele erre, não percebemos que o erro tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança. Os pais fazem isso por amor, ninguém quer ver o filho sofrendo, mas podemos sim permitir que eles errem sem tanto sofrimento e fazemos isso dando suporte.

Como pais e responsáveis a nossa função é a de amparar a criança, ajudando e incentivando sempre, mas devemos lembrar que ajudar não é fazer pela criança e sim mostrar a ela que está por perto caso ela precise, então devemos deixar que ela tente sozinha e caso ela necessite estaremos disponíveis para auxiliar e orientar.

Percebo que na correria do dia a dia muitas vezes os pais tomam para si as atividades para não perder tempo, por exemplo, a criança pequena que quer comer sozinha e os pais não deixam pois irá fazer muita bagunça e sujeira, dando assim mais trabalho, então dão a comida na boca para facilitar e economizar o tempo, ou quando a criança está na fase de aprender a amarrar o cadarço, mas como tem dificuldade os pais compram um tênis de velcro. Todas essas atitudes parecem inofensivas e pequenas, mas tiram a autonomia da criança, prejudicando assim seu desenvolvimento. Quando crescem tendem a não fazer as coisas sozinhas. Escuto muitos pais falando dos filhos como extremamente dependentes, que não tem autonomia, que não fazem as coisas por si só e que requerem sempre uma ajuda, perguntando a esses pais como foi a primeira infância da criança percebo que essa nunca teve espaço pata tentar e errar, nunca foi permitido que fizesse as coisas sem que os pais comandassem, ficando assim dependentes destes pais. Não dar a oportunidade da tentativa e do erro vai fazer com que eles não aprendam lições essenciais para o desenvolvimento. 

Errar gera um sentimento de frustração e a criança precisa aprender a lidar com esse sentimento, além disso, é errando que se aprende a pensar e solucionar problemas, se tiver todas as respostas nas mãos não será capaz de pensar em soluções, se tornando assim alguém que não sabe criar soluções. Quando permitimos que a criança tente resolver as situações estamos dizendo para ela que confiamos nela. 

Por exemplo, podemos dar autonomia para que a criança faça pequenas escolhas no dia a dia, como escolher a própria roupa, com isso passamos a ela que confiamos nas suas escolhas, damos espaço para sua criatividade, deixamos que coloque sua personalidade, e nessas escolhas estaremos ali para auxiliar.

É importante lembrar que quando falo de deixar a criança errar não estou dizendo em deixar a criança fazer coisas erradas, mas sim que nos momentos de aprendizagem é permitido errar até acertar, sendo assim uma parte do processo de aprendizagem e, por isso, o auxílio dos pais como mediadores é muito importante.

Luiza Graziela Santos Dias atua como Psicóloga na Policlínica Lavi, em Nova Esperança.