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A criança e o luto


Por: Luiza Graziela Santos Dias
Data: 07/04/2020
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Muitas vezes diante da morte de um ente querido os pais não sabem como abordar o tema com a criança. Sendo assim, é muito comum que escondam ou evitem o assunto, porém, falar sobre e responder as dúvidas acaba sendo mais benéfico.

Ao contrário do que muitos pensam as crianças sabem lidar com as perdas, isso por que elas estão constantemente vivenciando o luto. O luto infantil não está somente na morte de alguém, mas em diversos momentos da infância, como nas fases de desenvolvimento, onde a cada nova fase ela abre mão de algo para crescer, o que pode gerar emoções intensas de perda. E o luto entra como um processo de adaptação emocional e pode gerar dor, tristeza, vazio, solidão, raiva, ansiedade entre outras emoções, como a criança vai responder, depende do meio em que ela vive. Se a família tende a esconder determinados assuntos para evitar o sofrimento, podem na verdade estar intensificando e a criança acaba sofrendo mais que o necessário, ela precisa vivenciar à sua maneira esse momento e quando os adultos são transparentes e verdadeiros mostram que está tudo bem sentir e expressar. Importante lembrar que devemos usar uma linguagem acessível a idade de cada criança para que ela consiga compreender o que estamos falando e devemos também deixa claro que a pessoa que faleceu não irá voltar.

A criança precisa entrar em contato com a realizada do ocorrido, precisa entender que alguém querido morreu e que essa pessoa não poderá estar mais presente. Muitas vezes ela sente essa dor em partes, intercalando com o brincar, sendo assim mais fácil suportar, o que é extremamente normal. Para tornar mais fácil os pais podem encorajar o filho a expor sua dor e seus sentimentos, sem forçar a barra, mas dando exemplo, deixando também que suas emoções aparecerem, a criança tende a ser muito transparente com suas emoções, mas se os pais frequentemente tentarem reprimir essas emoções ela pode ter dificuldades em elaborar cada umas delas. Outro ponto importante é não tentar fazer com que a criança esqueça da pessoa e que quando ela quiser falar sobre seja permitido. Quando perdemos uma pessoa querida ela continua viva em nossas memórias e tentar esquecer dela apenas torna a dor mais difícil de ser elaborada. Lembre-se que ninguém poderá preencher esse lugar, ele sempre existirá, por isso não tente substituir por outra pessoa, é claro que outras pessoas surgirão e podem desempenhar o mesmo papel da pessoa que morreu, mas jamais force a criança a substituir.

O luto é um processo e pode levar um tempo para ser elaborado, nesse momento é muito importante que os pais deem apoio e não ignorem o sofrimento da criança, deixe que ela passe por esse processo no tempo dela. Cada indivíduo vai vivenciar a perda a sua maneira, porém existem alguns pontos a serem observados no comportamento da criança, muitas vezes elas podem desenvolver alguns comportamentos como:

§  Medo, pânico e pavor excessivo do escuro;

§  Medo de ficar sozinha;

§  Perda de interesse em se relacionar com outras pessoas, perdendo o interesse até mesmo de brincar;

§  Baixa no rendimento.

Ao perceber que a criança apresenta esses comportamentos de forma frequente, junto a perda de interesse pelas coisas que antes a atraíam, perda do apetite, desejos de partir com o falecido, irritabilidade ao falar sobre o ente que perdeu ou fala do mesmo em excesso, podemos estar entrando em um luto patológico, sendo assim importante buscar ajuda profissional.

Luiza Graziela Santos Dias


Anuncie com Jornal Noroeste
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