Entre Linhas
Poema sujo
Nas ruas estreitas
as soleiras das portas
beijam os pés que passam
e as janelas dos incontáveis estreitos andares
caem
por sobre os carros
que se bicam
Conflito constante
de aceleradores
num vai e vem
sem fim
Em passeio sem passagem
outros tantos olhos
esperam ansiosos
a grande lata que os conduzirá até seus pobres lares
Naquela estrutura mecânica
pés, pernas, barrigas e bocas se pisam, se tocam, se empurram, conversam, riem
e se calam
Vidas que velozes passam
pelas janelas
vorazes, transparentes
e sujas.