Entre o Japão e o Brasil, a literatura como ponte: André Kondo fala ao Jornal Noroeste sobre o Jabuti 2025 e o poder das palavras
Vencedor do Prêmio Jabuti 2025 com O Silêncio de Kazuki, escritor nipo-brasileiro compartilhou com o público do NoroCast sua trajetória, suas inspirações e a emoção de transformar em literatura a história do próprio pai.
Professor Dr. Felipe Figueira, o escritor André Kondo, a poeta Lilly Araújo, os apresentadores José Antonio Costa Alex Fernandes França durante a transmissão ao vivo no estúdio do Jornal Noroeste – Fotos Pedro Bera
O estúdio do Jornal Noroeste recebeu na manhã desta quinta-feira (13) o escritor André Kondo, autor de 19 obras premiadas e vencedor do Prêmio Jabuti 2025 na categoria juvenil, com o livro O Silêncio de Kazuki. O bate-papo, conduzido pelos diretores do jornal e apresentadores do NoroCast, Alex Fernandes França e José Antonio Costa, contou também com a presença da poeta Lilly Araújo, esposa de Kondo, e do Professor Dr. Felipe Figueira, colunista do jornal.
Durante a conversa, marcada por emoção e reflexões sobre literatura, viagens e ancestralidade, Kondo relembrou sua trajetória e o momento em que seu nome foi anunciado no maior prêmio literário do país.
“Quando chamaram meu nome, eu simplesmente desabei e chorei muito. Talvez ninguém tenha compreendido direito o quanto esse Jabuti representa na minha vida como reafirmação de que eu poderia me tornar alguém importante fazendo algo que eu amo, que é escrever”, relatou o autor.
O livro vencedor, O Silêncio de Kazuki, é uma homenagem comovente ao pai do escritor — um japonês que lutou na Segunda Guerra Mundial e se mudou para o Brasil após a derrota do Japão. A narrativa mistura memória e ficção ao abordar as tensões e reconciliações entre pai e filho, especialmente a resistência paterna ao sonho de André de se tornar escritor. “Vencer o Jabuti com a história de quem não acreditava no meu sonho foi como fechar um ciclo de amor, perdão e superação”, afirmou.
Kondo, que publicou seu primeiro livro em 2008, já soma 20 obras e mais de 300 prêmios literários nacionais e internacionais. Entre seus títulos mais conhecidos estão O Pequeno Samurai, Contos do Sol Nascente, Contos do Sol Renascente e Humana Flora. Seus textos foram traduzidos para o japonês e outras línguas, e suas experiências ao redor do mundo — já visitou mais de 60 países — servem como combustível para sua escrita.
Pós-graduado pela University of Sydney, Kondo morou no Japão, onde conheceu as quatro principais ilhas do país. Hoje, atua como editor da Telucazu Edições e vice-presidente da Nikkei Bungaku do Brasil, vivendo integralmente de literatura.
Durante o bate-papo, o escritor também falou sobre o diálogo entre as culturas japonesa e brasileira e o que aprendeu com essa mistura de mundos.
“A literatura japonesa me ensinou a enxergar beleza no silêncio, nas entrelinhas. E o Brasil me ensinou a transformar esse silêncio em cor, em voz, em emoção. Acho que minha escrita é o encontro desses dois universos”, destacou.
A participação de Lilly Araújo e do Professor Felipe Figueira acrescentou camadas poéticas e críticas à conversa, abordando temas como o poder da palavra na construção da identidade, o papel da literatura contemporânea e os desafios de se viver da arte no Brasil.
Ao final, Kondo deixou uma mensagem inspiradora:
“Escrever é resistir. É acreditar que as palavras ainda podem mudar o mundo — e, antes de tudo, mudar a nós mesmos.”
Assista à entrevista completa com André Kondo no NoroCast! Um bate-papo inspirador sobre literatura, viagens e o poder transformador das palavras.
Clique no link e confira: https://www.youtube.com/watch?v=R9KAsyDGE-w

