Vida de mãe
· Por Fabiana Burdini Margonato
Quando fui mãe pela primeira vez, parece que nasci de novo. Ontem mesmo, vendo umas fotos com as crianças, me lembrei de como era eu antes de tudo isso. Parece que foi em outra vida. Comemoro quatro datas de nascimento. Cada vez que nasceu um dos meus filhos foi como se eu tivesse nascido também. Tudo começou de novo. Mantenho em segredo, mas no aniversário de cada um deles, sinto como se o dia fosse também para mim.
Sou mãe de três meninos. Muita gente me pergunta como faço para dar conta. Sei lá o que respondo. Na verdade, respondo aquilo que está bem escondidinho lá dentro de mim. Eu não dou conta. Na verdade, estou crescendo junto com eles. Pedrinho tem 12 e estamos adolescentes juntos. Joãozinho e Dudu são menores, vou aprendendo a andar de bicicleta com eles e sentindo rios de alegria quando acabo de montar um quebra cabeça. Sinto tudo de novo, como se fosse pela primeira vez. Até mesmo que o tempo voltou e estou eu, lá na minha infância, vivendo a vida de um jeito colorido.
Olho-me no espelho e me vejo a cada dia diferente. Um pouco da minha mãe, às vezes até demais, mas também vejo, em cada um deles, uma versão diferente de mim. Fico imaginando o que vai acontecer depois. Esses dias, eu tava assistindo a um filme em que as crianças cresceram, ficaram velhinhas, cuidando da mãe mais velhinha ainda.... Penso em como eles serão com a cabeça bem branquinha, ou se serão carecas como o pai. Quero viver para ver tudo isso.
Sonhar é bom, mas chega uma hora em que nem tudo é brincadeira. O cansaço da rotina e das preocupações que a vida adulta traz também batem à minha porta... O tempo está passando e acho que estou na crise da meia idade. São muitas coisas que sonhava e ainda não consegui realizar. Já estou com quarenta, ainda vale a pena correr atrás de tudo isso?
Mas aí olho para eles e me lembro que essa vida vale a pena e o tesouro mais importante está aqui em casa, dormindo no quarto ao lado. Me sinto em um filme de aventura: viajo de carro para estudar, para trabalhar, passo horas a fio escrevendo e pensando em meus novos desafios profissionais. Mas quando chego em casa e olho para o lado, eles estão aqui, esperando o meu colo para que eles possam me amar e cuidar de mim.