Terrorismo e Medo do Outro
Muitas vezes, expor um tema ou as ideias sobre determinado assunto, torna-se um tanto difícil em muitos aspectos, mas se faz necessária exatamente por nos incomodar, desestabilizar, espantar ou também, se pelo contrário, em nada nos sensibilizar, transforma-se como condição necessária de para ser exposto. Sem mais delongas, destaco rapidamente os infelizes acontecimentos recentes na França. Os atos de terrorismo ocorridos na cidade de Nice. Em meio ao terror da pandemia, as “patologias” mais antigas, como no caso do terrorismo, se fazem presentes. O Terrorismo, seja ele praticado por grupos, Estados e indivíduos isolados, apresenta como principal característica o desejo de destruir o “outro”, considerado como inimigo político, religioso ou étnico. Que em nome de uma crença, uma ideologia ou da segurança de um Estado, precisa ser eliminado. Mas o terrorismo busca ainda desestabilizar a segurança, a confiança e a normalidade da comunidade vítima do ataque, demonstrando que pode ser atacada por qualquer um, a qualquer momento. Instala-se com isso, um medo do Outro, que pode ser identificado como o provável terrorista. Os estigmas se agravam e o ódio ao outro, pertencente a culturas e crenças diferentes, se intensifica de tal modo, que a violência de ambas as partes: Os que se sentem ameaçados pelo outro e diretamente o outro, visto como o agente do terror ou representante de uma cultura que prega o terrorismo se acirra, dificultando o diálogo e o respeito à alteridade. O medo ao outro sem dúvida, se constitui como uma das principais consequências do terrorismo. Este medo passa a ser manipulado e utilizado por grupos ou governos, fomentando mais ódios, além de se constituir enquanto instrumento de poder. O terrorismo para alguns pode ser justificado como um ato político ou revolucionário. Ou um ato de defesa contra supostos inimigos. Pessoalmente, percebo na ação terrorista, tanto de indivíduos quanto de Estados, o exemplo gritante de nossa incapacidade de lidar com o outro. Em respeitar estilos de existência diferentes e diversos. Algo lamentável, principalmente em um momento onde enfrenta-se o terror de uma pandemia como a da Covid-19, já que o encontro com o outro, deveria se tornar um ato de solidariedade e colaboração. Além disso, demonstra o quanto ainda estamos próximos da barbárie que em muitos fatos históricos ilustrou e permanece ilustrando, a nossa capacidade de destruir vidas outras, pelos motivos mais variados, porém extremamente desvairados. O terrorismo é o clímax da violência da barbárie contra a vida, tanto quando atacamos pessoas em igrejas com facas ou lançamos mísseis em cidades, mantando populações inteiras.
Por Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com