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O cotidiano: Reflexão sobre a rotina e o livre arbítrio


Por: Jorge Antonio Salem
Data: 17/10/2024
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Caros leitores, o que é exatamente o cotidiano para vocês?

Se buscarmos no dicionário Aurélio, encontraremos que "cotidiano" significa algo que acontece ou é feito diariamente, ou seja, o que é habitual na vida de uma pessoa. E, se pensarmos bem, todos nós vivemos dentro dessa definição. Temos hábitos, rotinas e tarefas que se repetem dia após dia. Desde o momento em que levantamos, cada um de nós tem o seu próprio ritmo.

Alguns acordam às 6 horas, outros às 7 ou 8, mas todos temos esse primeiro ato em comum: levantar e iniciar mais um dia.

Em seguida, temos os compromissos que nos esperam. Precisamos nos alimentar, trabalhar, estudar, cuidar da casa, e muitas vezes conciliar tudo isso com momentos de lazer. Cada pessoa, no entanto, organiza seu cotidiano de acordo com suas necessidades e circunstâncias. Alguns optam por caminhar até o trabalho, outros preferem o conforto do carro, da moto ou até mesmo do transporte público. Para alguns, o voo de avião faz parte da rotina, devido à natureza de seu trabalho ou estilo de vida. Porém, independentemente do meio de transporte ou da atividade, o cotidiano está presente para todos, de uma forma ou de outra.

Ainda assim, embora todos vivamos dentro dessa ideia de rotina, o meu cotidiano pode ser bem diferente do seu, caro leitor. Isso porque nossas rotinas diárias são moldadas por fatores pessoais, profissionais e emocionais. Há quem tenha escolhido conscientemente sua rotina, e há quem esteja em um momento da vida em que suas circunstâncias não foram de sua escolha. Pessoas que enfrentam tratamentos de saúde, por exemplo, vivem um cotidiano que não escolheram, mas que precisam enfrentar.

Essa diferença de experiências, muitas vezes, impede que nos encontremos ou nos conectemos, mesmo que vivamos na mesma cidade. Enquanto alguns preferem caminhar pela avenida principal, com seu movimento constante e estímulos visuais, outros optam pelas ruas laterais, mais tranquilas, onde o silêncio e a calma imperam. Esses cotidianos diferentes nos mantêm afastados uns dos outros, o que talvez explique por que, mesmo em cidades pequenas, muitos de nós nunca chegamos a conhecer ou nos cruzar com nossos vizinhos.

Em minha vida pessoal, optei por um cotidiano mais reservado. Sempre preferi, após o trabalho, voltar diretamente para casa. Não era comum eu parar em bares ou lugares de encontro social após o expediente, como muitos fazem. Essa escolha não é uma crítica a quem opta por essas pausas, mas uma decisão baseada no meu próprio desejo de passar mais tempo com minha família, com minha esposa, em um ambiente mais íntimo e acolhedor. Isso fez com que, em certo sentido, eu me privasse de conhecer mais pessoas ou viver certas experiências sociais, mas, por outro lado, me proporcionou uma vida conjugal mais próxima e harmoniosa. Foi uma escolha que moldou o meu cotidiano de uma forma que me fez feliz.

No entanto, nem sempre temos controle sobre as mudanças que ocorrem em nosso cotidiano. Quando minha esposa partiu para o Céu, minha rotina sofreu uma alteração drástica. O que antes parecia fixo e imutável se transformou completamente. Aquela sensação de segurança e estabilidade foi substituída por um período de adaptação, em que precisei reorganizar minha vida e encontrar um novo propósito. Foi então que Deus me reapresentou o talento da escrita, algo que havia adormecido em mim, e, desde então, tenho trilhado esse novo caminho. Escrevi três livros e estou escrevendo o quarto, algo que transformou profundamente meu cotidiano.

Essa experiência me ensinou que o cotidiano não precisa ser algo estagnado. A todo momento, podemos, se quisermos, modificar nossa rota, mudar nossos hábitos e buscar novos caminhos. Claro que toda escolha traz suas consequências, algumas boas, outras nem tanto. Mas o importante é estarmos conscientes de que, em grande parte, temos o livre-arbítrio para decidir como será nosso dia a dia. E, mesmo quando as circunstâncias nos forçam a mudar, podemos encontrar oportunidades para o crescimento pessoal.

Gostaria de deixar uma reflexão importante para todos: as mudanças que fazemos em nosso cotidiano, sejam elas grandes ou pequenas, devem sempre ter como objetivo melhorar nossa vida, tanto física quanto espiritualmente. O corpo e a alma estão interligados, e cuidar de ambos é essencial para uma vida equilibrada. Pequenas ações diárias, como prestar atenção à nossa alimentação, praticar atividades físicas e buscar momentos de tranquilidade e reflexão, podem fazer uma grande diferença ao longo do tempo. Além disso, devemos também lembrar da importância de ser caridosos e atenciosos com aqueles que nos rodeiam, especialmente com os que mais necessitam de ajuda. A caridade e o amor ao próximo são formas poderosas de transformar não só o nosso cotidiano, mas também o cotidiano dos outros.

O cotidiano é algo que nos acompanha todos os dias, mas que pode ser moldado e ajustado de acordo com nossas escolhas e circunstâncias. Que possamos usar nosso livre-arbítrio para criar um cotidiano que seja saudável, produtivo e cheio de significado, e que, ao final de nossa jornada, possamos ser recebidos no Céu para viver um maravilhoso cotidiano ao lado daqueles que nos precederam.


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