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Júlia é uma obra de Roberto Gomes, que faz jus ao movimento literário em que ela pertence que é o realismo, retratando fielmente a sociedade local. Onde estamos no século XIX vivendo na monarquia, Brasil independente de Portugal, mas ainda com muita ligação por causa do seu governante Dom Pedro II que aqui reinava.

Diante disso, temos a imagem da mulher como uma mulher submissa, feita somente para cuidar da casa, do filho e a protagonista da obra vai contra tudo isso, pois ela é uma mulher sonhadora que vai atrás dos seus sonhos, que luta por eles, que tem seus ideais e suas vontades a frente de seu tempo, querendo um mundo melhor para as mulheres.

A Júlia é uma personagem muito feminista, mas ao mesmo tempo ela aceita esse mundo onde o homem é o protagonista de tudo, ela só quer uma independência psicológica, onde ela possa ser quem ela é sem ser julgada pela sociedade local (que é bem fofoqueira), ela quer uma vida a dois onde possam ter uma família, mas ela também quer um emprego fora de casa, onde ela possa ganhar seu dinheiro, porque ela sente essa necessidade de ser dona dela mesma.

A Júlia escreve para o jornal, ela é poeta, publica artigos onde defende a monarquia, ela vai contra os ideais da época, já que muitos queriam uma república no Brasil, e ela luta por isso. O povo do local onde ela mora, que no caso é, um povoado de Santa Catarina, pequeno onde todo mundo conhece todo mundo, essas pessoas veem ela como uma pessoa fora da casinha, maluca, que não está no seu completo juízo, a julgam por isso e por ela já ter 25 anos e estar solteira, ficando muito velha vai acabar sozinha, nisso sua mãe se preocupa com isso e tenta a todo modo arranjar um namorado pra ela, mas ela sempre recusa, ela quer se apaixonar ter um amor real, palpável, pra poder se casar, e a mãe dela não entendi isso.

 Até que um dia, em uma procissão ela encontra olhar que chama atenção dela, em que ela vê que é um violeiro, e descobre depois que ele é um cantor e se apaixona por ele, mas todos ali dizem que ele é filho de padre, que tem uma família, o histórico dele não é bom, a mãe dela não aceita. Por isso, ela vive ainda mais trancada em seu quarto, escrevendo poemas e cartas pra ele, é um amor correspondido e proibido, a amiga dela diz pra ela que aquilo não vai dar certo mas apoia.

 O romance entre o violeiro e Júlia acaba que não tem futuro, porque é uma luta de ideais, de convivências diferentes, ela é à frente do seu tempo, ele aceita o mundo mesmo não gosto dele, mas ele não faz nada pra mudar. Ela é monarquista e ele é republicano, os dois sonham, mas ele não aceita o fato de ela ser mais inteligente e ser mais velha que ele.

Cada um segue seu caminho, vivendo a vidas com outras pessoas e sendo infelizes. Um amor impossível de ser concretizado pela luta que cada um precisava batalhar todos os dias, ela contra as más línguas da cidade e ele contra o próprio medo.

No fim cada um só queria um alguém para chamar de seu e acabaram se sentindo sozinhos e tristes, mesmo tendo alguém ao lado.

A grande moral que tiramos desta linda e triste história é que, mesmo ela sendo retratada no século XIX, o contexto e as lutas dos personagens são muito reais as nossas de hoje dia, porque o medo do violeiro é muito comum a muitos homens hoje, a briga da Júlia contra a sociedade local é a briga que todas as mulheres têm ainda na sociedade, no século XXI. Para justificar tudo isso vou transcrever um trecho do livro " a inteligência é de todos, o fardo mais pesado para uma mulher."

É simples, a independência nunca é reconhecida por aqueles que querem explorar de alguma forma o outro.

Fabi Torres


Anuncie com Jornal Noroeste
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