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Solidão ou solitude?


Por: Simony Ornellas Thomazini
Data: 22/05/2019
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É muito comum ao nos deparamos com alguém que se encontra sozinho num determinado lugar julgarmos que algo possa estar errado.

Nossa sociedade não está acostumada a presenciar pessoas sozinhas no cinema, no restaurante, no café, ou até mesmo, quando alguém passa a escolher como modo de vida - ainda que temporário - estar sozinha (o). 

O que estamos habituados a presenciar é a ideologia da dupla romântica, o grupo de amigos, a família. No entanto, existe outra palavra para estes momentos desconhecida para muitos: solitude.

A solitude é um estado de paz consigo mesmo. É uma escolha voluntária da própria pessoa em estar sozinha, sem por isso deixar de conviver com outras pessoas. É importante ressaltar isso, pois precisamos do contato, necessitamos do toque, do afeto, da presença. 

Diferente do estado de solidão em que se necessita estar em tempo integral na presença de alguém, ou ainda, quando mesmo cercada de muitas pessoas, sente-se só, a solitude é um reencontro consigo mesmo.

É da solidão que provém os medos, as inseguranças, e em consequência disto, a submissão a relacionamentos tóxicos, pois a pessoa sente que precisa estar na companhia de alguém para poder estar bem, ainda que essas pessoas possam fazer mal a ela.

A solitude é o oposto disto, como já foi dito, é uma escolha voluntária. É um contato consigo mesmo, é uma busca interna por reflexões que podem durar longos períodos ou não. É o momento em que a pessoa passa a maior parte do tempo com ela mesma cuidando de sua saúde mental e física.

É a solidão que faz com que a pessoa chegue em casa, por exemplo, e ligue a televisão, conecta-se ao celular permanecendo durante um bom tempo em redes sociais, envie mensagens, faz ligações,  dentre outras,  tornando-se fugas para não estar em sua própria presença.

Muitas vezes e para muitas pessoas, estar sozinho dá medo. Estar diante de si mesmo é deparar-se com o desconhecido que nos habita e isso pode ser aterrorizante. Por isso a fuga e a necessidade desesperadora do contato com alguém.

Nesses casos temos um sinal de que algo não vai bem e é preciso de uma atenção maior. Reconhecer isso em si mesmo é o primeiro passo. Mas, como reconhecer que algo pode estar errado se estamos o tempo todo conectados a fatores externos com medo de enfrentar a si mesmo? Do que temos medo de encontrar ao olhar para dentro? São questões que devemos nos fazer. 

Por fim, a solitude é quando atravessamos o território da solidão e podemos estar enfim, conectados ao nosso próprio corpo e mente.  E digo atravessar porque é só depois de lidar com nossos medos, fantasias, vulnerabilidades, que podemos estar conectados verdadeiramente em nossa própria presença.

Quando podemos estar em paz vivendo em nossa própria pele, entendendo que ninguém além de nós, ocupará nosso corpo e nossa vida, podemos enfim, viver melhor. 

 A pessoa que se encontra em solitude é aquela que está em constante construção de si mesma - estando em contato com outras pessoas - e também de si mesma, sem por isso, sentir-se sozinha. 

 

“Quem é que sabe

O quanto lhe cabe

Dessa solitude?

Por isso a hora

De fazer é agora

Tome uma atitude.”

(Djavan – Solitude)

Simony Ornellas Thomazini


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