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Esfriar faz lembrar do que aquece


Por: Simony Ornellas Thomazini
Data: 26/05/2022
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Na última semana acompanhamos baixas na temperatura. O tempo frio nos fez reformular nossa rotina e, junto com ela, uma série de acontecimentos passaram a ocupar nossos dias.

Começamos com a mudança no vestuário, as dificuldades que muitos encontram durante o frio, desde uma atitude considerada simples, como lavar louças e tomar banho, até ir para o trabalho, mudanças na própria saúde, e a situação caótica vivida em várias regiões brasileiras.

No Brasil inteiro pudemos presenciar o impacto que o frio acarretou, até mesmo em cidades onde o mesmo não era cenário típico, como Cuiabá, Rio de Janeiro, dentre outras. Em São Paulo, tivemos uma figura muito importante protagonizando o cenário: o padre Júlio Lancellotti juntamente com a primeira dama do Estado, Luana Garcia, fizeram ações sociais para as pessoas em situação de rua.

O frio causou no país inteiro. Nas redes sociais presenciamos os opostos: gente que gosta de temperaturas mais baixas x gente que odeia. Memes, fotos mostrando a temperatura nas cidades, vídeos, campanhas de agasalho, etc.

Diante de tudo isso, pude perceber sobre a importância de nos lembrar do que aquece. Já que esfriou, são as temperaturas baixas e toda a mudança que ela trouxe, que nos faz relembrar do que nos acalenta.

A vida, de uma maneira geral, me toca muito, e a mudança de temperatura também evocou reflexões por aqui.

O corpo submetido a temperaturas frias, nos faz ir à procura de lugares e situações que nos coloque aquecidos. E não só o corpo, mas também o coração.

Podemos ampliar esse contexto e ir para as relações humanas. Observem que, quando relações de amizade ou mesmo amorosas “esfriam” temos a tendência em ir sondar nas lembranças, quando ainda havia “chamas”. Fazemos esse mapeamento numa tentativa de descobrir a partir de onde, ou, quando, começou a “esfriar”. Por isso a importância dessa frase: esfriar nos faz lembrar do que aquece.

E o mais importante nisso tudo é saber o que nos aquece. Qual atitude, linguagem de amor precisamos dar ou receber, para nos sentirmos aquecidos, bem como nos colocamos diante das pessoas nesse contexto.

Às vezes, basta um elogio para sentirmos nosso coração quentinho, um reconhecimento por nosso trabalho, um dia de sol, tomar uma xícara de café com um amigo que há tempos não via.  As vezes, um dia em off com a família. Ir ao cinema com os filhos, fazer piquenique, um abraço, caminhar no parque, algumas palavras como: “vai ficar tudo bem”. “estou aqui contigo”. Todas essas situações e muitas outras podem nos fazer lembrar do que nos faz sentirmos acalentados.

Mas, é necessário reconhecer e usufruir disso, para não precisarmos lembrar com pesar dos dias quentes, quando ainda havia amor, havia chamas, havia esperanças. Em qualquer tempo, precisamos do cuidado, com a gente mesmo, com o outro, a atitude coletiva que faz a diferença, na nossa comunidade, e se estendendo para aqueles que mais precisam. Para aqueles onde a vida é quase o tempo todo frio.

Esfriar nos dá notícias do lugar onde éramos felizes e não sabíamos. Das pessoas-lar, que nos acolhem. Nos lembra do cuidado que tanto precisamos sentir e da relevância em também estar dispostos para o outro. Nos faz agradecer pelo que temos, os privilégios que muitos não tem acesso. E é sobre isso. É sobre amar e se sentir amado, porque amar é estar disposto, é oferecer o ombro, é a dedicação, o esforço, é a vida que pulsa e nos faz lembrar que estamos aqui, vivos. Se começar a esfriar, a gente já sabe o que acontece.  

 

Simony Ornellas Thomazini


Anuncie com Jornal Noroeste
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