Por: Mari Bulgareli Martins

O desenvolvimento sustentável na arqutetura se apresenta em procurar minimizar os recursos utilizados na construção, uso e operação de uma edificação, bem como em reduzir ao máximo os impactos causados ao meio ambiente e à saúde humana através da emissão, poluição e desperdício de seus componentes.

A sustentabilidade de interiores é um conjunto de ações nos ambientes que consolida essa vontade de fazer a sua parte como cidadão e ter as vantagens de um espaço orientado para ser eficiente, econômico, confortável e com o menor impacto ambiental.

O uso de interiores sustentáveis não se resume apenas à decoração com peças e materiais recicláveis. A sustentabilidade de interiores deve pensar em toda a cadeia produtiva. Ela deve observar desde a extração da matéria prima, até seu reaproveitamento ou descarte no futuro.

No caso de interiores sustentável não precisamos abrir mão do conforto humano, de uma boa proposta estética e da eficiência. Podemos ter ambientes decorados criativos e bonitos, projetos com baixo impacto ambiental, eficiência, durabilidade, economia e trazendo a qualidade de vida aos usuários.

Podemos escolher e ter construções que causam menos danos à natureza, através de escolhas e ações que são melhores e mais adequadas, com benefícios a longo prazo.

Devemos buscar sempre um melhor custo-benefício sendo cuidadoso com toda a cadeia produtiva, desde a origem dos materiais e móveis, sua fabricação e reutilização até a durabilidade.

Móveis ou equipamentos fabricados com substâncias químicas nocivas possuem uma chance de liberar toxinas perigosas no ar, os chamados Compostos Orgânicos Voláteis (COV’s). Por este motivo, a utilização de materiais que minimizem estes compostos é primordial. Entre as aplicações, é imprescindível pensarmos na eliminação de COV’s em todo o sistema construtivo da edificação, como:

• Tintas e revestimentos internos aplicados in loco.

• Adesivos e selantes internos aplicados in loco.

• Pavimentação interna.

• Madeira composta.

• Isolamento térmico e acústico de paredes, piso e teto.

• Mobiliário.

É importante compreender que produtos aplicados externamente também podem exercer uma influência negativa de VOC’s, principalmente em hospitais e escolas. Por isso, nesses casos os cuidados devem ser redobrados. Para melhorar a qualidade do ar, é importante que o ar de uma sala circule regularmente e permaneça fresco. Ao contrário do que muitos pensam, os tapetes podem oferecer um bom sistema de filtragem, se for de boa qualidade.

Veja algumas práticas que você pode utilizar na hora de projetar e construir de maneira mais sustentável:

·  Respeite o contexto

Investir em escolhas respeitosas para o entorno da construção, procurando uma boa integração entre edificação e os elementos que compõem o ambiente, como plantas, luz etc.

·  Qualidade dos materiais

Estar atento à qualidade dos materiais. Optar por opções mais atóxicas possíveis, sem metais pesados. Tintas, vernizes e outros elementos não devem ter COVs (compostos orgânicos voláteis) e outros compostos perigosos na sua composição. ­

·  Eficiência energética

Buscar soluções para favorecer a entrada de luz natural. Isso pode ser feito com o uso de janelas maiores, painéis de vidro e reduzir o uso de luminárias. Os projetos luminotécnicos podem incluir lâmpadas mais econômicas, como as de LED, tecnologia para detecção de presença e funcionamento automático.

·  Climatização

Diminuir o uso de ar-condicionado e, por conseguinte, o consumo de energia por conta da climatização.

Através de cortinas de materiais naturais, capazes de bloquear a incidência de sol e calor, janelas utilizando ventilação cruzada e projetos que considerem a dinâmica climática da região.

·  Economia de água

Para reduzir o consumo de água temos muitas opções estão disponíveis no mercado, como torneiras com design próprio para gerar economia durante o uso, chuveiros mais eficientes e peças para reduzir o fluxo de água.

·  Captação da água da chuva

Um bom sistema de captação permite coletar a chuva para o reaproveitamento na irrigação do jardim, indica-se instalar uma cisterna próxima à lavanderia e estocar a água ensaboada despejada pela máquina de lavar, que pode ser usada na limpeza dos pisos e para dar a descarga no vaso sanitário.

· Mobiliário sustentável

Temos hoje em dia móveis e eletrodomésticos produzidos com menor impacto possível no meio ambiente. Existe diversas opções, como artigos que são reformados, móveis antigos que são restaurados, peças que são fabricadas e transformadas a partir de outros objetos, com novos design e funcionalidades.

A inovação trouxe muitas opções para um ambiente mais flexível nos mais diversos tipos de uso, como paredes em drywall que podem ser modificadas para criar mais espaços.

Móveis ajustáveis remontáveis que fornecem mais flexibilidade para ambientes de trabalho, permitindo personalização e fácil substituição de peças individuais.

Podemos estar utilizando esses recursos em projetos tanto comerciais como residenciais para torná-lo mais sustentável, ajudando assim o meio ambiente com práticas e atitudes conscientes no nosso dia a dia.

Essas são algumas sugestões e propostas que podemos usar em nossos projetos buscando soluções orientadas para termos um espaço mais eficiente, econômico, confortável e com o menor impacto ambiental possível, para termos interiores mais sustentáveis.

Mari Bulgareli Martins

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