Por que não pôr fim à guerra?
Pode soar estranha a pergunta que serve como título desta nossa nova troca de ideias. Por sinal, há uma curiosidade neste ponto: num dia de carnaval, estava em casa assistindo a um jornal da tevê, que reportava uma notícia sobre a Guerra entre Rússia e Ucrânia que já dura dois anos. Nesta matéria, mostrou-se a denúncia do governo ucraniano referente ao uso de mísseis mais sofisticados em ataques a alvos civis pelas forças russas. Repentinamente, minha esposa fez a seguinte indagação: Por que não pôr fim à guerra? Mas entendam, ao formular este questionamento de forma até angustiante, ela não se refere ao término da guerra Ucrânia-Rússia. Ou da guerra Israel-Hamas. O questionamento é mais profundo e desafiador: Por que Não Pôr Fim a Guerra? Por fim em qualquer chance de guerra. Terminar definitivamente com a guerra.
A guerra causa em geral um sentimento de repúdio, indignação, revolta e tristeza, além de assombro, quanto ao mal que um ser humano pode fazer ao outro. Como vidas são destruídas de modo intenso e selvagem. Populações inteiras aniquiladas. Vidas sendo privadas de perspectivas e esperanças, pela ação de violência da guerra. Então, remeto-me à pergunta de minha esposa: Por que Não Pôr Fim a Guerra? Afinal, ela é moralmente repudiada e condenada. Uma prática de barbárie e desumanidade que nos envergonha e traz indignação. E reforço: não é terminar uma ou outra guerra, para depois começar e manter outra, mas por fim definitivamente a guerra, visando assim promover mais abertura para solidariedade e fraternidade entre nós humanos. Deixarmos de nos bestializar pelo ardor de guerrear.
Obviamente, que a pergunta e sua discussão, pode soar ingênua e até utópica, mas deve-se destacar pontos realistas referentes a manutenção da guerra: os interesses econômicos que destroem a humanidade de sermos. A luta e disputa de poderes entre Estados e grupos. Ódios e conflitos já longínquos que alimentam a guerra. Pode-se inclusive observar que não se pensa em terminar a guerra, mas aperfeiçoar e tornar mais eficaz o modo de matar, desenvolvendo-se armas mais e mais tecnologicamente eficientes na destruição de vidas. Promovendo genocídios e morticínios mais eficientes e amplos.
Retomando e finalizando com a questão de minha esposa: Por que Não Pôr Fim a Guerra? Penso que ainda estamos presos a uma retórica de promoção da paz pela violência e a necessidade da guerra para a sobrevivência de um povo em detrimento da destruição de outro. Devemos então indagar de modo mais firme e intenso Por que Não Pôr Fim a Guerra? Se não quisermos continuar a assistir pela televisão, como se fosse apenas um espetáculo grotesco, a aniquilação implacável de mais e mais seres humanos.
Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com